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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 04, 2010

Falta de projeto e propostas sérias dá nisso






O uso do impostômetro


Serra é um candidato sem proposta e sem discurso, mas conta com setores fortes da sociedade que estão sempre alertas procurando em que se apegar para ajudá-lo, e a bola da vez é a carga tributária. Pesquisas realizadas mostraram que esse é um descontentamento popular e é nisso que eles vão agora se apegar para tentar virar o jogo já perdido. Se você é um dos que estão descontentes com a carga tributária brasileira, não se esqueça que ela teve seu maior aumento no governo em que o Serra, que vai tentar fazer dela sua plataforma, era ministro do planejamento. Temos aqui uma boa matéria sobre o assunto. Não quero entrar no mérito da questão, meu pensamento sobre o assunto, embora um pouco tosco, está aqui. Só quero deixar aqui duas perguntas: quando acabaram com a CPMF, o que tirou muito dinheiro da saúde, você sentiu alguma melhora nos preços? E quando os governos concedem isenções de impostos para que empresas se instalem em seu estado ou município, por períodos que podem chegar a 30 anos de isenções, elas repassam essas reduções ao preço final dos produtos por elas fabricados? Não se deixem enganar, pois os mesmos economistas que se queixam agora da carga tributária, são os que a poucos meses diziam que já era hora do governo voltar a cobrar o IPI, sob pena de aumentar a demanda gerando inflação.
Everardo Maciel, que foi secretário da receita federal no governo FHC fala sobre o assunto aqui, vale a pena acompanhar sua entrevista.

Escrito por Sandro Stahl

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