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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Greve geral tem forte adesão na Grécia


DA EFE, EM ATENAS

A participação na greve geral de 48 horas que começou nesta sexta-feira na Grécia contra o acordo assinado entre a troika --formada pelo FMI (Fundo Monetário InternacionalI), a UE (União Europeia) e o Banco Central Europeu (BCE)-- e o governo grego está sendo muito ampla, segundo os sindicatos majoritários.
Segundo os dados oferecidos pelo principal sindicato grego, o GSEE, todos os estivadores, trabalhadores dos navios de transporte e operários das refinarias não foram trabalhar hoje.
Entre o pessoal de portos e da construção civil, a adesão da greve foi de 70%, enquanto na siderurgia e no comércio foi de 60%. Além disso, 80% dos trabalhadores de bancos, correios e organismos públicos se ausentaram de seus trabalhos.
Especialmente severa é a greve no transporte urbano de Atenas, pois, durante dois dias, não funcionarão trens, bondes, ônibus e boa parte do metrô.
Segundo um comunicado da GSEE, as medidas impostas pela troika à Grécia em troca de um empréstimo de 130 bilhões de euros levarão o país "à ruína" pois se trata do "ataque mais violento ao sistema de distribuição da riqueza".
A maior polêmica reside na redução de entre 22% e 32% do salário mínimo e na terceira redução das pensões em dois anos (desta vez de 15%).
Também foi grande a participação na manifestação principal em Atenas, maior que a registrada na terça-feira passada na anterior greve geral, segundo pôde comprovar a Agência Efe.

PRAÇA OMONIA
Fontes policiais disseram à Efe que o número de participantes rondou os de terça-feira, cerca de 20 mil, dos quais a metade se concentrou na praça Omonia sob a bandeira do Partido Comunista.
"O que estão fazendo responde a um plano de interesses nacionais e estrangeiros e só podemos responder com a mobilização", afirmou à Efe Nikos Vassialiadis, sindicalista na empresa de águas públicas EIDAP, que será privatizada no marco do acordo com a troika.
"Cada vez mais gente se soma aos protestos", comemorou Stavros Petrakis, secretário-geral da Federação de Professores de Escolas Primarias.
No final da manifestação, foram registrados alguns distúrbios isolados quando um grupo de 200 jovens encapuzados lançou pedras e coquetéis molotov contra a Polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo.

*esquerdopata

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