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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, fevereiro 05, 2012


SP é uma Soweto.
A obra prima tucana !

Saiu na Folha (*), pág C10:

“Estudo escancara desigualdade paulistana”

“Em 45 distritos, morador não tem acesso a biblioteca; em 26 não há leito e em outros 56 não existe quadra de esporte.”

A pesquisa é do Observatório da Rede Nossa São Paulo.

“Os resultados são estarrecedores”, diz Reynaldo Turollo Jr, colaborador (?) da Folha (*).

Cada um dos 96 distritos da capital tem, em média, mais de 110 mil habitantes.

Qualquer distrito da Chuíça (**) é maior que 95% das cidades brasileiras.

Os salários dos bairros de classe média alta Butantã, Lapa e Pinheiros (é por aí que fica a “mansão” que a filha deu de presente ao pai, Padim Pade Cerra) são 2,6 vezes maiores que os de Itaquera, na zona leste da capital, onde se constrói o estádio do Corinthians.

1,3 milhão de paulistanos vivem em favelas – 94% das casas da Vila Andrade (Zona Sul) ficam em favelas, quanto no Jardim Paulista e em mais 11 distritos não há nenhuma.
Navalha
Como se sabe, a unica obra física, palpável da memorável administração do Padim Pade Cerra como Prefeito da Chuíça (**) – cargo que ele prometeu não abandonar, como se vê nesse vídeo – foi construir rampas íngremes, ponteagudas, embaixo de um viaduto na Avenida Paulista, para impedir que os “invasores” e catadores de papel de Pinheiro dormissem ali.
Como se sabe, os tucanos coronelizam São Paulo há 17 anos e não fizeram muito para enfrentar o quadro “estarrecedor” da cidade que a elite não se sabe se compara a Milão ou a Nova York.
Como diz um ansioso blogueiro, não fosse o PiG (***), esses tucanos de São Paulo não passavam de Pinheirinho, na Via Dutra.

Paulo Henrique Amorim

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