Bicheiro com diploma suspeito
Bicheiro com diploma suspeito
Carlinhos Cachoeira teria feito curso superior presencial em administração a 930km de casa
Para
tentar garantir a liberdade ou pelo menos uma cela especial, o bicheiro
Carlinhos Cachoeira apresentou à Justiça um certificado de conclusão de
curso superior assinado por dois diretores de uma faculdade que já
foram presos pela Polícia Federal (PF), acusados de participação num
esquema de desvio de R$ 300 milhões dos cofres públicos. A instituição
que expediu o certificado a Cachoeira é o Instituto de Ensino Superior
de Londrina (Faculdade Inesul), cujos proprietários — Dinocarme
Aparecido Lima e Vergínia Aparecida Mariani — chegaram a ser detidos
pela PF, em maio de 2010.
O bicheiro teria cursado presencialmente administração, com habilitação em administração de empresas, na faculdade de Londrina (PR), mesmo morando em Goiânia e atuando diariamente no comando de uma organização criminosa especializada na jogatina ilegal, segundo investigações da PF. O certificado anexado pela defesa jurídica aos pedidos de habeas corpus de Cachoeira aponta a conclusão do curso em 17 de dezembro de 2010 e a colação de grau em 31 de março de 2011. As conversas telefônicas referentes a esse período, usadas na Operação Monte Carlo, mostram atuação intensa do bicheiro em Goiânia e em Anápolis (GO), sua cidade natal. A Inesul tem uma unidade em Anápolis, que só oferece os cursos de química, radiologia, enfermagem e segurança no trabalho.
O curso que Cachoeira teria concluído tem duração de quatro anos. Segundo os advogados do bicheiro, ele deveria ser solto por “ter profissão lícita, que é administrador de empresas, conforme incluso diploma universitário”. A Procuradoria Regional da República (PRR) desconsiderou a validade legal do documento. “Trata-se de um certificado de conclusão, e não de um diploma, como a defesa afirma. O certificado não prova que o paciente tem escolaridade de nível superior, pois é desprovido de status de diploma devidamente registrado no Ministério da Educação (MEC).”
Regalias
Em casos de prisão preventiva, como a decretada para Cachoeira, acusados com curso superior têm direito a cela especial. A regalia é válida até a condenação definitiva. A partir daí, o detido formado numa faculdade cumpre pena como qualquer outro.
O curso que o bicheiro teria frequentado foi reconhecido pelo MEC em 2007, ano em que, supostamente, Cachoeira teria começado a frequentar as aulas de administração de empresas. O Correio tentou falar com os proprietários da faculdade. Dinocarme e Vergínia não deram retorno às ligações. A “diretora acadêmica” da Inesul, Márcia Marques Dib, que também assina o documento, disse ao Correio que não poderia dar nenhuma explicação. Segundo ela, as justificativas deveriam ser dadas pela diretora jurídica da faculdade, Maria Lúcia, que nem retornou às ligações.
Segundo a investigação da PF que resultou na Operação Parceria e na prisão de Dinocarme e Vergínia, foram desviados R$ 300 milhões em cinco anos, por meio de um Centro Integrado de Apoio Profissional, coordenado pelo diretor da faculdade. O esquema tinha ramificação em Goiás, conforme a PF.
"O certificado não prova que o paciente tem escolaridade de nível superior, pois é desprovido de status de diploma devidamente registrado no Ministério da Educação (MEC)”
Trecho de manifestação da Procuradoria Regional da República
» VINICIUS SASSINE
Morador de Goiânia, Carlinhos Cachoeira apresentou certificado de uma faculdade de Londrina |
O bicheiro teria cursado presencialmente administração, com habilitação em administração de empresas, na faculdade de Londrina (PR), mesmo morando em Goiânia e atuando diariamente no comando de uma organização criminosa especializada na jogatina ilegal, segundo investigações da PF. O certificado anexado pela defesa jurídica aos pedidos de habeas corpus de Cachoeira aponta a conclusão do curso em 17 de dezembro de 2010 e a colação de grau em 31 de março de 2011. As conversas telefônicas referentes a esse período, usadas na Operação Monte Carlo, mostram atuação intensa do bicheiro em Goiânia e em Anápolis (GO), sua cidade natal. A Inesul tem uma unidade em Anápolis, que só oferece os cursos de química, radiologia, enfermagem e segurança no trabalho.
O curso que Cachoeira teria concluído tem duração de quatro anos. Segundo os advogados do bicheiro, ele deveria ser solto por “ter profissão lícita, que é administrador de empresas, conforme incluso diploma universitário”. A Procuradoria Regional da República (PRR) desconsiderou a validade legal do documento. “Trata-se de um certificado de conclusão, e não de um diploma, como a defesa afirma. O certificado não prova que o paciente tem escolaridade de nível superior, pois é desprovido de status de diploma devidamente registrado no Ministério da Educação (MEC).”
Regalias
Em casos de prisão preventiva, como a decretada para Cachoeira, acusados com curso superior têm direito a cela especial. A regalia é válida até a condenação definitiva. A partir daí, o detido formado numa faculdade cumpre pena como qualquer outro.
O curso que o bicheiro teria frequentado foi reconhecido pelo MEC em 2007, ano em que, supostamente, Cachoeira teria começado a frequentar as aulas de administração de empresas. O Correio tentou falar com os proprietários da faculdade. Dinocarme e Vergínia não deram retorno às ligações. A “diretora acadêmica” da Inesul, Márcia Marques Dib, que também assina o documento, disse ao Correio que não poderia dar nenhuma explicação. Segundo ela, as justificativas deveriam ser dadas pela diretora jurídica da faculdade, Maria Lúcia, que nem retornou às ligações.
Segundo a investigação da PF que resultou na Operação Parceria e na prisão de Dinocarme e Vergínia, foram desviados R$ 300 milhões em cinco anos, por meio de um Centro Integrado de Apoio Profissional, coordenado pelo diretor da faculdade. O esquema tinha ramificação em Goiás, conforme a PF.
"O certificado não prova que o paciente tem escolaridade de nível superior, pois é desprovido de status de diploma devidamente registrado no Ministério da Educação (MEC)”
Trecho de manifestação da Procuradoria Regional da República
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