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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 12, 2012

Cachoeira pode afogar a Editora Abril: Deputado quer Civita interrogado pela CPI

Rodrigo Vianna em seu Blog do Escrevinhador

Saiu no R 7: o deputado Fernando Ferro (PT/PE) vai pedir que Roberto Civita (dono da Abril) seja convocado para depor na CPI do Cachoeira.

A CPI deve mesmo ser instalada. Houve acordo entre os presidentes da Câmara e do Senado, para que seja criada Comissão Mista – com representantes das duas casas.

Importante: a CPI tem força legal para pedir ao Supremo todos os autos do processo. O STF decretou sigilo do caso. Correm em Brasília boatos de que, além do diretor da Veja, haveria outros jornalistas da chamada grande imprensa citados nos autos. Ou seja: mais gente se banhou na cachoeira. Estranhamente, a Globo tinha solicitado acesso aos autos. Interesse jornalístico? Ou medo? No mesmo dia, o site Carta Maior também pediu acesso à íntegra do processo. O que fez o Supremo? Fechou tudo.
Agora, a CPI pode lançar luz sobre tudo que está lá. A situação mais complicada, não resta dúvida, é a da editora Abril. Há oito anos, a Veja abre espaço para todo tipo de “operação” jornalística. Colunistas fanfarrões e irresponsáveis (um deles até fugiu do Brasil) chafurdam na lama, repórteres são “obrigados” (!) a provar teses malucas (como a de que o PT trouxe dinheiro de Cuba em caixas de uísque, para ajudar na campanha de Lula), e a revista abre espaço para capas lamentáveis – como aquela em que Lula levava um chute no traseiro, ou aquela outra (“barriga” monumental) em que a Veja comemorava a queda de Chavez em 2002, no momento exato em que o presidente da Venezuela debelava o golpe e voltava ao poder nos braços do povo.
Essa foi a “obra” dos comandados de Bob Civita. A cereja no bolo é a relação promíscua com Cachoeira. Bob Civita corre o risco de virar um Murdoch. A Veja se banhou na Cachoeira, com mais de 200 telefonemas. A Veja também teria-se abastecido com arapongas de Cachoeira para criar o “mensalão”? Foi o que disse o ex-prefeito de Anápolis a PH Amorim, na Record.
Hoje [10/4], Hildegard Angel lembra o que Bob Jefferson disse, em sua defesa ao STF: o “mensalão” não era bem um mensalão. Era o quê? “Força de expressão”?
E agora?
Eu diria que, dos dois Bobs, Jefferson está em melhor situação. Bob Civita é quem corre risco de se afogar na cachoeira de lama para onde a Veja tentou arrastar o Brasil.
Confiram abaixo a notícia do R7.
Filippo Cecilio, do R7
O deputado federal Fernando Ferro (PT/PE) defendeu nesta terça-feira (10) que o empresário Roberto Civita, proprietário da Editora Abril, seja convocado para depor na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que será instalada no Congresso para investigar as ligações entre parlamentares, integrantes do judiciário e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro pela operação Monte Carlo da Polícia Federal.
– A revista [Veja] teria de ser ouvida para prestar esclarecimentos sobre essa ligação estreita entre ela e esse elemento. Pretendo ser um dos membros dessa CPMI, e essa é a minha manifestação. É natural que se coloque para falar alguém representando uma revista que teve 200 ligações com esse elemento para que se explique.
Nos grampos efetuados pela PF, aparecem telefonemas de Cachoeira para o diretor da revista em Brasília, Policarpo Jr. As gravações levantam suspeitas de que o bicheiro encomendava matérias de seu interesse para lhe favorecer os negócios ou então prejudicar seus inimigos.

Ferro afirmou que a convocação atenderia a um sentimento de diversos parlamentares:

– Várias pessoas de empresas, órgãos do governo e membros do judiciário deverão ser chamadas pra esclarecer esse tipo de convivência com esse elemento.

Nesta terça, os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT/SP), e do Senado, José Sarney (PMDB/AP), selaram um acordo para a instalação da CPMI. De acordo com Marco Maia, os dois presidentes vão conversar com os líderes das duas casas para chegar a uma redação única para o requerimento de criação da CPMI. As assinaturas devem ser coletadas até o final desta semana.

Para que a comissão seja instaurada, são necessárias as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores. Para evitar que os trabalhos da CPMI sejam interrompidos durante o período eleitoral, Maia já afirmou que terão prioridade na composição da comissão os parlamentares que não sejam candidatos a prefeito ou vereador nas eleições do segundo semestre.

A assessoria de imprensa do Grupo Abril foi procurada, mas a reportagem não conseguiu o contato.
*Limpinhoecheiroso

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