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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 13, 2012

Carta Capital também manipula

por Paulo Jonas de Lima Piva
Dentro do nosso lamentável cenário de revistonas semanais a Carta Capital diferencia-se explicitamente do ponto de vista ideológico e político dos principais panfletos da direita brasileira, mais exatamente da Veja, Época e Isto é. Entretanto, embora considerável, a diferença não é tão grande assim. A revista de Mino Carta (foto) perseguiu obsessivamente o ex-militante Césare Battisti; dedicou várias de suas edições para linchá-lo publicamente com o rótulo de "terrorista".
Mas, ao que parece, não foi só Césare Battisti o alvo das manipulações da "progressista" Carta Capital. No e-mail coletivo reproduzido abaixo, o intelectual argentino Miguel Vedda desabafa indignado que a entrevista que ele concedeu à revista recentemente também foi manipulada. Segundo ele, a revista colocou palavras na sua boca.   Leiamos:



Date: Thu, 12 Apr 2012 10:56:47 -0700
From: miguelvedda@yahoo.com.ar
Subject: "Error" grave en Carta Capital
To:

Queridos amigos:
Hace algunas semanas, la revista Carta Capital me hizo una entrevista, a propósito de mi introducción a la edición brasileña del Lenin de Lukács. Un amigo de Sao Paulo me envió una copia escaneada de la revista. Al leerla, vi que el entrevistador cometió un error gravísimoya que dice "o comunismo, nao ha dúvida, é un sistema antidemocrático, oppressivo, uno dos piores males do século XX". El entrevistador alteró la declaración, ante todo colocando "comunismo" donde debería haber dicho "stalinismo"...
¿Me imaginan diciendo una brutalidad tal? No conozco la revista ni al entrevistador, y no sé si es un "simple" error o si hubo alguna voluntad de distorsionar mis declaraciones. La editora Boitempo ya intervino gentilmente para pedir que corrijan las versiones digitales de la entrevista, y que publiquen una fe de erratas en el próximo número. Pero entretanto, estará circulando una publicación en la que me atribuyen una opinión increíblemente aberrante.
Quienes me conocen, o aquellos que hayan leído mi introducción al Lenin, no necesitan de ninguna aclaración. Pero también podrán imaginarse la indignación que me provoca una falla tan severa.
Un abrazo,
Miguel.
*Opensadordaaldeia

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