Dilma e Obama: aparente calmaria
Por Altamiro Borges
A visita da presidenta Dilma Rousseff aos EUA, que se inicia nesta segunda-feira, tem gerado distintas expectativas. Até agora, a mídia imperial não deu maior destaque ao fato. Já a mídia colonizada do Brasil insiste em dizer que a viagem deverá reatar as relações “cordiais” entre os dois países, afetada pela postura “agressiva” do Itamaraty na gestão de Lula-Celso Amorim.
Na avaliação de Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa” do PSDB, “a beligerância verbal e as idiossincrasias entre o Brasil e EUA esfriaram muito de Lula para Dilma... O Itamaraty está mais tímido e Dilma não é tão bom produto de política externa quanto Lula era”. No mesmo rumo, o Estadão avalia que a visita consolidará os laços de amizade entre os dois países.
Agenda esconde divergências
Pela agenda divulgada por ambos os governos, a tranquilidade reinará nos contatos entre Dilma e Obama. O principal ponto será sobre a implantação do programa “Ciência sem Fronteiras”, de intercâmbio entre estudantes. A presidenta brasileira inclusive visitará algumas universidades. Também estão previstas discussões sobre programas de ciência e tecnologia e política comercial.
A calmaria, porém, é apenas aparente. Os EUA nunca abdicaram da sua condição de império, que se mete e interfere nas políticas de todos os países periféricos. É evidente que Obama e seus aspones tentarão convencer o Brasil a endurecer suas relações com a Síria, o Irã ou Cuba. Como potência capitalista em declínio, eles também defenderão os interesses econômicos dos EUA.
Continuidade da política externa
Nestes pontos, entretanto, o governo Dilma parece manter a política externa do seu antecessor. É certo que a retórica é mais “tímida”, mas o conteúdo permanece, na essência, o mesmo. Na recente reunião dos Brics, por exemplo, a presidenta condenou as políticas de sanção ao Irã ou de intervenção militar na Síria. Já na visita a Cuba, ela defendeu a soberania desta nação sabotada pelo império.
As divergências entre Dilma e Obama também deverão se manifestar nas questões econômicas. O Brasil registra déficit comercial crescente com os EUA – de US$ 8,1 bilhões. O império tenta empurrar sua grave crise para as “nações emergentes”. E o Brasil tem adotado algumas medidas, ainda tímidas, de proteção a sua economia, o que deve gerar atritos entre os dois presidentes.
Como se nota, a calmaria é aparente. Neste sentido, a análise de Jânio de Freitas, também na Folha, é mais certeira. “Sejam quais forem os temas de seu encontro, Dilma Rousseff e Barack Obama só prometem desencontro. Se concordarem em alguma coisa, é improvável que seja a presidente a ceder: o Brasil está em lua de mel com sua afirmação. O presidente está em convívio duvidoso com a reeleição”.
A visita da presidenta Dilma Rousseff aos EUA, que se inicia nesta segunda-feira, tem gerado distintas expectativas. Até agora, a mídia imperial não deu maior destaque ao fato. Já a mídia colonizada do Brasil insiste em dizer que a viagem deverá reatar as relações “cordiais” entre os dois países, afetada pela postura “agressiva” do Itamaraty na gestão de Lula-Celso Amorim.
Na avaliação de Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa” do PSDB, “a beligerância verbal e as idiossincrasias entre o Brasil e EUA esfriaram muito de Lula para Dilma... O Itamaraty está mais tímido e Dilma não é tão bom produto de política externa quanto Lula era”. No mesmo rumo, o Estadão avalia que a visita consolidará os laços de amizade entre os dois países.
Agenda esconde divergências
Pela agenda divulgada por ambos os governos, a tranquilidade reinará nos contatos entre Dilma e Obama. O principal ponto será sobre a implantação do programa “Ciência sem Fronteiras”, de intercâmbio entre estudantes. A presidenta brasileira inclusive visitará algumas universidades. Também estão previstas discussões sobre programas de ciência e tecnologia e política comercial.
A calmaria, porém, é apenas aparente. Os EUA nunca abdicaram da sua condição de império, que se mete e interfere nas políticas de todos os países periféricos. É evidente que Obama e seus aspones tentarão convencer o Brasil a endurecer suas relações com a Síria, o Irã ou Cuba. Como potência capitalista em declínio, eles também defenderão os interesses econômicos dos EUA.
Continuidade da política externa
Nestes pontos, entretanto, o governo Dilma parece manter a política externa do seu antecessor. É certo que a retórica é mais “tímida”, mas o conteúdo permanece, na essência, o mesmo. Na recente reunião dos Brics, por exemplo, a presidenta condenou as políticas de sanção ao Irã ou de intervenção militar na Síria. Já na visita a Cuba, ela defendeu a soberania desta nação sabotada pelo império.
As divergências entre Dilma e Obama também deverão se manifestar nas questões econômicas. O Brasil registra déficit comercial crescente com os EUA – de US$ 8,1 bilhões. O império tenta empurrar sua grave crise para as “nações emergentes”. E o Brasil tem adotado algumas medidas, ainda tímidas, de proteção a sua economia, o que deve gerar atritos entre os dois presidentes.
Como se nota, a calmaria é aparente. Neste sentido, a análise de Jânio de Freitas, também na Folha, é mais certeira. “Sejam quais forem os temas de seu encontro, Dilma Rousseff e Barack Obama só prometem desencontro. Se concordarem em alguma coisa, é improvável que seja a presidente a ceder: o Brasil está em lua de mel com sua afirmação. O presidente está em convívio duvidoso com a reeleição”.
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