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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 20, 2012

O que Fabio Barbosa foi fazer em Brasília? CIRCULOU ONTEM PELA CAPITAL FEDERAL O PRESIDENTE DO GRUPO ABRIL; SUA MISSÃO É ESPINHOSA: EVITAR QUE A CPI SOBRE CARLOS CACHOEIRA CONVOQUE ROBERTO CIVITA; NA EDITORA RESPONSÁVEL POR VEJA TEME-SE QUE ELE SOFRA UMA HUMILHAÇÃO SEMELHANTE À DE RUPERT MURDOCH

 

O que Fabio Barbosa foi fazer em Brasília?

Chiiiiiiiii... Fábio Barbosa, presidente do Grupo Abril: quem deve, teme.
Brasil 247
Com a CPI sacramentada e instalada nesta manhã pelo Congresso Nacional, começam a circular os lobbies políticos, empresariais e midiáticos. Ontem, quem foi visto circulando em Brasília foi o executivo Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander e atualmente presidente do grupo Abril, que publica Veja. Bem relacionado em todos os partidos, por ter sido também presidente da poderosa Febraban, Fábio Barbosa foi a Brasília com uma missão delicada: convencer lideranças do Congresso Nacional a evitar a convocação, pela CPI, do empresário Roberto Civita, presidente do grupo Abril.
A tarefa é muito difícil. Primeiro, porque são fortes as ligações entre a revista Veja e o esquema do contraventor Carlos Cachoeira. Além das 200 ligações entre o bicheiro e o jornalista Policarpo Júnior, várias reportagens publicadas pela revista apontam um nexo entre os grampos ilegais do bicheiro e os furos de reportagem da publicação. Segundo, porque Civita acumulou inimigos poderosos nos últimos anos. Além do ex-presidente Lula, que fará de tudo para que o magnata da mídia seja convocado, o senador Renan Calheiros, que terá papel importante na comissão, foi personagem de várias capas seguidas da publicação em 2007 e 2008. Veja trabalhou por sua cassação.
Na Abril, teme-se que Roberto Civita sofra humilhação semelhante à do australiano Rupert Murdoch, que, no ano passado, teve de prestar informações diante do parlamento inglês, em razão dos grampos publicados pelo jornal News of the World, que acabou sendo fechado. Na semana passada, uma ala do comando da Abril defendia o afastamento do jornalista Policarpo Júnior, como forma de estancar os danos e evitar a convocação de Civita. No entanto, Veja decidiu partir para o ataque e, em sua última edição, denunciou uma suposta tentativa do governo de amordaçar e calar a imprensa livre no Brasil.
#vejabandida
Na mesma reportagem de capa, Veja defendeu ainda que jornalistas se relacionem com bandidos para que possam ter acesso a informações de interesse público. Esta posição foi contestada pelo jornalista Janio de Freitas dois dias atrás e hoje defendida pelo professor Eugenio Bucci, que é amigo de Roberto Civita e consultor eventual da Abril.
A situação é tão grave que ontem o assunto mais comentado no Twitter em todo o mundo dizia respeito à hashtag #vejabandida. O tema é popular. Por isso mesmo, dificilmente os parlamentares recuarão no pedido pela convocação de Roberto Civita. Até mesmo porque será inevitável apurar a ligação da revista Veja com grampos de Cachoeira, como os recentes filmes do Hotel Naoum.
Além disso, o ex-presidente Lula já deu o recado. A CPI terá que ser feita “doa a quem doer”.
*Cappacete

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