O que Fabio Barbosa foi fazer em Brasília? CIRCULOU ONTEM PELA CAPITAL FEDERAL O PRESIDENTE DO GRUPO ABRIL; SUA MISSÃO É ESPINHOSA: EVITAR QUE A CPI SOBRE CARLOS CACHOEIRA CONVOQUE ROBERTO CIVITA; NA EDITORA RESPONSÁVEL POR VEJA TEME-SE QUE ELE SOFRA UMA HUMILHAÇÃO SEMELHANTE À DE RUPERT MURDOCH
Com
a CPI sacramentada e instalada nesta manhã pelo Congresso Nacional,
começam a circular os lobbies políticos, empresariais e midiáticos.
Ontem, quem foi visto circulando em Brasília foi o executivo Fábio
Barbosa, ex-presidente do Santander e atualmente presidente do grupo
Abril, que publica Veja. Bem relacionado em todos os partidos, por ter
sido também presidente da poderosa Febraban, Fábio Barbosa foi a
Brasília com uma missão delicada: convencer lideranças do Congresso
Nacional a evitar a convocação, pela CPI, do empresário Roberto Civita,
presidente do grupo Abril.
A
tarefa é muito difícil. Primeiro, porque são fortes as ligações entre a
revista Veja e o esquema do contraventor Carlos Cachoeira. Além das 200
ligações entre o bicheiro e o jornalista Policarpo Júnior, várias
reportagens publicadas pela revista apontam um nexo entre os grampos
ilegais do bicheiro e os furos de reportagem da publicação. Segundo,
porque Civita acumulou inimigos poderosos nos últimos anos. Além do
ex-presidente Lula, que fará de tudo para que o magnata da mídia seja
convocado, o senador Renan Calheiros, que terá papel importante na
comissão, foi personagem de várias capas seguidas da publicação em 2007 e
2008. Veja trabalhou por sua cassação.
Na
Abril, teme-se que Roberto Civita sofra humilhação semelhante à do
australiano Rupert Murdoch, que, no ano passado, teve de prestar
informações diante do parlamento inglês, em razão dos grampos publicados
pelo jornal News of the World, que acabou sendo fechado. Na semana
passada, uma ala do comando da Abril defendia o afastamento do
jornalista Policarpo Júnior, como forma de estancar os danos e evitar a
convocação de Civita. No entanto, Veja decidiu partir para o ataque e,
em sua última edição, denunciou uma suposta tentativa do governo de
amordaçar e calar a imprensa livre no Brasil.
#vejabandida
Na
mesma reportagem de capa, Veja defendeu ainda que jornalistas se
relacionem com bandidos para que possam ter acesso a informações de
interesse público. Esta posição foi contestada pelo jornalista Janio de
Freitas dois dias atrás e hoje defendida pelo professor Eugenio Bucci,
que é amigo de Roberto Civita e consultor eventual da Abril.
A
situação é tão grave que ontem o assunto mais comentado no Twitter em
todo o mundo dizia respeito à hashtag #vejabandida. O tema é popular.
Por isso mesmo, dificilmente os parlamentares recuarão no pedido pela
convocação de Roberto Civita. Até mesmo porque será inevitável apurar a
ligação da revista Veja com grampos de Cachoeira, como os recentes
filmes do Hotel Naoum.
Além disso, o ex-presidente Lula já deu o recado. A CPI terá que ser feita “doa a quem doer”.
*Cappacete
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