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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 10, 2012

Os descalabros tucanos em São Paulo

Por José Dirceu, em seu blog:

Tucano quando não consegue administrar os problemas da cidade e do Estado improvisa sai pela tangente, quase sempre com a pior e mais errada das saídas. Com o dia santo da Sexta-Feira da Paixão, o sábado de Aleluia e o domingo de Páscoa organizei para vocês uma série de descalabros cometidos ou anunciados pelos tucanos só nestes três últimos dias.
Sinto, mas em apenas três dias os peessedebistas foram capazes de perpetrar, praticar, ou anunciar esse amontoado de barbaridades. Como não conseguem despoluir o rio Pinheiros, os tucanos agora o perfumarão. É verdade: matéria publicada ontem pela Folha de S.Paulo diz que a meta do governo Geraldo Alckmin, agora, "é acabar com o cheiro de ovo podre do rio, cartão postal às avessas da cidade".

Num ponto o jornal tem razão: o mau cheiro do Pinheiros realmente chega à marginal Pinheiros, à linha de trem e à ciclovia que beiram o rio, incomoda quem trabalha e vive na vizinhança. E principalmente incomoda o mercado imobiliário e o shopping Cidade Jardim.

Falta policiamento nas estradas, aeroportos superlotados

Ontem, final de feriado prolongado, quem voltou do interior não viu policiamento nas estradas. Nem recebeu orientação alguma. Parecia que elas nem foram privatizadas, vendidas pelo tucanato para quem ofereceu maior preço - e cobra mais alto pedágio - e que não tem órgão nenhum para sequer fiscalizar os serviço prestado pelas concessionárias.

Não fossem as emissoras de rádio e a comunicação via celular de cada cidadão, todos estariam às escuras no congestionamento gigantesco, mais do que previsto no final do feriado prolongado. Chega-se em casa e se lê que os aeroportos do interior de São Paulo estão um descalabro só.

Não há lugar para todos nos salões de embarque e os passageiros ficam pelos corredores; do lado de fora falta estacionamento e sobram carros; não há táxis autorizados, os viajantes têm de se socorrer dos clandestinos que, em algumas cidades, já invadiram e institucionalizaram-se na área dos autorizados. Verdadeiros caos - estes sim, os verdadeiros apagões.

José Serra não fez o dever de casa

E o ex-governador José Serra que criticava o governo federal, quis fazer dos tais apagões dos aeroportos federais uma das principais bandeiras de sua campanha presidencial derrotada de 2010? E o governador Geraldo Alckmin que está aí há um ano meio e não solucionou nada disso? E é a 3ª vez que Geraldinho é governador!

E esta, agora, de nomear presidente do metrô de São Paulo, o maior do país, por um dia? É o que aconteceu. Um dia após anunciar um presidente novo para a companhia, José Kalil Neto, em substituição a Sérgio Avelleda (derrubado discretamente depois de acusado de ter patrocinado concorrência de cartas marcadas para uma linha do metrô) o governador Alckmin voltou atrás. Descobriu-se que Kalil foi condenado por improbidade administrativa em 2010.

O governador veio a público e ficou o dito pelo não dito. Explicou que anunciara Kalil como interino, mas que vai escolher outro presidente efetivo para o metrô. Enquanto isso, o metrô vai sendo sucateado e mantém a média de uma a duas panes por semana, que paralisam ou obrigam a lentidão na circulação do sistema.

Cada uma dessas panes prejudica no mínimo 100 mil passageiros. E pior, estão ocorrendo também, até institucionalizando-se, na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), de trens de subúrbio da Grande São Paulo. Fácil, fácil selecionar, em apenas três dias, quatro decalabros. É o modo tucano de governar.
*Miro

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