A internet é realmente uma revolução. E quando usada para o bem, é maravilhosa. Existe um projeto de lei, que tramita há 10 anos, com o intuito de proibir a veiculação de publicidade direcionada ao público infantil.
Parece radical, parece censura? Mas não é. Lembram-se da publicidade
para cigarros? A propaganda de cigarro gerou a mesma polêmica e só
ganhamos com a ausência das “caras de pau” das empresas e publicitários
que insistiam em associar cigarro a esporte e vida saudável
e bem sucedida. Uma reportagem com fumantes famosos confirma que a
maioria fumou para ser moderno e se inserir no grupo social que
desejavam. Hoje se arrependem pois não conseguem se livrar do vicio.
Assim é a publicidade infantil. No futuro teremos criancas com a vida
pautada na satisfação exclusiva pelo consumo. Comprar é viciante e a
insatisfação compulsiva já se trata nos consultorios e com medicação
tarja preta como antidepressivos e ansiolíticos, porque hoje, quem não
consome, não faz parte da turma moderna, descolada e bem sucedida.
Qualquer semelhança com o cigarro é mera coincidência?
Para completar , a Associação de
Agências de Publicidade, criou uma ação que pretende parecer dizer que
todos somos responsáveis pela infância. À primeira vista, a gente
entende que a intenção da campanha é chamar todos à reflexão mas não é isso.
A campanha empenhou-se em culpabilizar exclusivamente os pais pelo
controle do que os filhos assistem na TV, como se as empresas não
tivessem responsabilidade nenhuma sobre o que fabricam, vendem e
anunciam, e as agências de publicidade sobre suas ações de marketing
para promover qualquer tipo de produto e serviço direcionado ao público
infantil. Uma ação com título dúbio, com atitudes dúbias, com intenções
dúbias, assim como é a publicidade voltada para crianças que não têm
condições de distinguir o que é bom para elas, o que é realidade, o que é
mentira e o que manipulação. Nós adultos somos ludibriados, imaginem as
crianças!
Os
pais ativistas da internet se uniram e reagiram na hora. E a ABAP
tratou-os com um desrespeito e desprezo absurdo, apagando suas mensagens
na página da campanha, manipulando os comentários, banindo
comentaristas que se opunham ao que eles queriam propagar. E ainda
dizendo que nós, pais, queremos censurar a propaganda e impedir a
liberdade de expressão da pobre publicidade. Liberdade de expressão só
deles, basta ver as regras de participacão do seu site que a gente vê a
cara ditatorial e demagógica de suas intenções. Mas uma coisa importante
de se tentar entender, é o que a publicidade espera dos pais quando os
culpabiliza. Afinal, o que querem que façamos: ficamos em casa cuidando
do lixo propagandeado excessivamente às crianças ou saimos para
trabalhar como loucos para poder consumir o que eles anunciam? Fiquei
confusa.
O que eles não esperavam , era
encontrar pais instruídos, informados e prontos para defender o bem
estar de seus filhos respondendo na mesma moeda: criaram um site para
divulgar a importância de se botar um freio na farra da publicidade
infantil. E o site dos pais, entituladoINFÂNCIA LIVRE DE CONSUMISMO,
recheado de depoimentos, artigos técnicos, reportagens, charges e
imagens relacionadas ao tema, atingiu, em apenas 3 dias, o mesmo número
de simpatizantes e apoiadores que o site da ABAP levou 1 mês para
conseguir.
E em 5 dias, o site Infância
Livre, conseguiu ultrapassar o site da ABAP, que vale lembrar, é mantido
por uma agência de publicidade contratada, o que não acontece com a
ação dos pais da internet. Isso nos leva a pensar em outras coisas. Por
que a ABAP faria uma ação tão desastrosa? Por que usaria profissionais
tão amadores? Por que não teria o menor constrangimento em agir com tão
pouca ética com os usuários do site? Será que isso se resume em apenas
uma questão: eles subestimam as famílias? Os pais? E acham que somos
realmente uma massa tola e manipulável sem força nenhuma para reagir?
Hoje, a publicidade é
autorregulamentada pelo CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação
Publicitária e isso é péssimo para a nossa sociedade a começar pelo
fato que o conselho de ética da entidade tem apenas 19 pessoas representam a sociedade civil, dentre
eles, seis jornalistas, três advogados e apenas um médico, enquanto as
outras 136 pessoas representam anunciantes ou veículos de comunicação. Isso prova, na base, o tamanho do problema que é o controle da publicidade brasileira que está longe de defender os interesses da sociedade.
Por isso, esse grupo de mães e
pais, que defende a infância, convida a todos a conhecer e CURTIR esta
iniciativa no Facebook . Ela tem o intuito de informar e mostrar os
argumentos que levam a ver essa necessidade tão grande de se proteger
nossos filhos dos malefícios de uma propaganda que é estratégicamente
pensada e elaborada para encantar, que não os respeita, que os engana,
que os faz acreditar numa falsa sensação de alegria e determina o que se
tem como fator primordial de status social desde a mais tenra idade. E
que ao repensar a publicidade, estamos pensando na forma como estamos
consumindo o planeta, já que o consumismo está na contramão da educação
para o futuro e da sociedade mais sustentável que buscamos.
*mariadapenhaneles
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