Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 11, 2013

"Borracha cega, mas não cala", diz fotógrafo atingido por PM


Sugerido por Assis Ribeiro
Do Brasil de Fato


Sérgio ficou cego do olho esquerdo enquanto cobria a manifestação do dia 13 de junho em SP; abaixo-assinado pede o fim das chamadas ‘armas menos letais’ 
09/08/2013
da Redação
O fotógrafo Sérgio Silva, de 31 anos, foi atingido por uma bala de borracha enquanto fazia a cobertura fotográfica da manifestação realizada no dia 13 de junho contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo. A repressão violenta da Polícia Militar cegou o olho esquerdo do fotógrafo.
Assim como Sérgio, em diversas cidades do Brasil, muitas têm sido as vítimas das chamadas ‘armas menos letais’, como a bala de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, durante protestos e manifestações.
Diante deste cenário de intensa repressão policial, um abaixo-assinado pelo fim da utilização destas armas contra os manifestantes está circulando na internet. (Para assinar, clique aqui)
O pedido é direcionado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, ao secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, e ao Comandante Geral da Polícia Militar de São Paulo, Benedito Roberto Meira. O objetivo é proibir que elas sejam utilizadas em manifestações políticas.
“O Estado deve formar policiais que tenham outras repostas para as manifestações que não seja a violência, e para que armas desse nível não sejam utilizadas no acompanhamento de manifestações, onde a sociedade busca defender seus direitos. É necessário repensar como a polícia deve agir. Dessa forma, defendo que a extinção dessas armas deve ser imediata”, afirma o fotógrafo Silva, no texto em que explica o propósito do abaixo-assinado. (com informações do Sindicato dos Químicos Unificados)
Confira a entrevista feita pelo Sindicato dos Químicos Unificados
*Nassif

Nenhum comentário:

Postar um comentário