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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 22, 2013

Manuscritos de Che Guevara viram patrimônio da humanidade


Unesco reconhece manuscritos de Che Guevara como patrimônio da humanidade. Escritos incluem seus “Diários de Motocicleta” e os registros feitos nas montanhas da Bolívia antes de sua execução

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Unesco reconhece manuscritos de Che Guevara como patrimônio da humanidade (Imagem / Che / Arquivo)
A Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) incluiu os escritos do revolucionário argentino Ernesto “Che” Guevara no Programa Memória do Mundo. Com isso, os manuscritos são reconhecidos agora como patrimônio da humanidade.
“Vivemos em um país bloqueado, subdesenvolvido, e receber ajuda para preservar esses documentos para a história, para a posteridade, é muito importante”, afirmou nesta sexta à Agência Efe Aleida Guevara March, filha do segundo casamento do Che.
O Programa Memória do Mundo possui quase 300 documentos e compilações de cinco continentes. Os textos de Che estão entre as 54 novas adições de 2013. Os manuscritos incluem seus “Diários de Motocicleta” e os registros feitos nas montanhas da Bolívia antes de sua execução, em 1967.
O presidente da Comissão Nacional Cubana da Unesco, Juan Antonio Fernández, disse que a decisão da ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece a “contribuição do Che ao pensamento revolucionário latino-americano e mundial, que o converteram em símbolo de rebeldia, de liberação e internacionalismo”.
*Pragmatismopolitico

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