Para o STF, data de homicídio pode não ser a do assassinato
O STF inventa mais um absurdo no julgamento do chamado mensalão.
De hoje em diante, pela jurisprudência criada, quando um matador de
aluguel assassinar a vítima, e receber pelo "serviço" em data posterior,
a data de homicídio passa a ser a do recebimento, e não a do
assassinato.
Não nutro nenhuma simpatia pelo ex-deputado Bispo Rodrigues, e acho que
justamente por sua má imagem de político fisiológico (o que é feio mas
não é crime) e envolvido em outros escândalos e processos criminais
graves, pouca gente se dispõe a lhe conceder o benefício da dúvida de
que os fatos que pesam sobre ele, neste caso específico do recebimento
de dinheiro de Marcos Valério, possa ter sido só caixa 2 de campanha
mesmo, e é por esse motivo que ele deveria responder criminalmente.
Afinal ele era líder do PL na época e seu partido tinha o
vice-presidente da República José Alencar, além de participar do governo
em outros postos importantes, como o ministro dos transportes. Não faz
muito sentido imaginar que ele votaria contra orientação do vice José
Alencar, se não recebesse os R$ 150 mil de caixa 2 que recebeu.
Mas no embargo de declaração no STF nem era isso que estava sendo
discutido. Era apenas a data da ocorrência do fato pelo qual ele foi
condenado, como no exemplo do homicídio citado acima. O ministro
Lewandovski explicou didaticamente o absurdo de considerar a data do
pagamento pelo crime em vez da data do crime. Só três ministros votaram
com ele, apesar de muitos elogiarem seu argumento, parecendo ter
vergonha de voltar atrás na decisão, que apenas poderia reduzir a pena,
sem nem mesmo mudar o regime de detenção que já é semi-aberto no caso de
Rodrigues.
Se juízes do Brasil inteiro seguirem a maioria do STF, vai dar muita
confusão por aí. Mas nesse julgamento é como se diz no popular: "de onde
menos se espera, daí é que não sai nada."
*Ajusticeiradeesquerda
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