A câmara alta do Parlamento da Rússia aprovou neste sábado (1º) o envio de tropas russas à Ucrânia.
O pedido havia sido feito poucas horas antes pelo presidente Vladimir
Putin. Ele alegou, em nota oficial, que seu pedido foi feito "em relação
à situação extraordinária na Ucrânia e à ameaça às vidas de cidadãos
russos".
Putin disse que as forças armadas russas devem ser usadas "até a normalização da situação política naquele país".
IMPASSE COM A RÚSSIA MOTIVOU REVOLTA NA UCR NIA
As manifestações começaram em novembro, depois que o então presidente
Viktor Yanukovich anunciou sua decisão de não assinar um acordo de
cooperação com a União Europeia, que poderia, no futuro, ter a Ucrânia
como um de seus membros.
A questão, no entanto, é mais complexa e tem raízes na história recente do país, nascido após a desintegração da ex-União Soviética.
O país está no meio de uma disputa de forças entre grupos que querem mais proximidade com a União Europeia e outros que têm mais afinidade com a Rússia. Yanukovich foi deposto em fevereiro, e novas eleições foram convocadas.
As atenções agora se viraram para a Crimeia, região autônoma da Ucrânia cuja maioria é alinhada à Rússia, que convocou um referendo sobre sua soberania.
A questão, no entanto, é mais complexa e tem raízes na história recente do país, nascido após a desintegração da ex-União Soviética.
O país está no meio de uma disputa de forças entre grupos que querem mais proximidade com a União Europeia e outros que têm mais afinidade com a Rússia. Yanukovich foi deposto em fevereiro, e novas eleições foram convocadas.
As atenções agora se viraram para a Crimeia, região autônoma da Ucrânia cuja maioria é alinhada à Rússia, que convocou um referendo sobre sua soberania.
A decisão da câmara alta do Parlamento russo foi unânime. Durante o
debate, um dos parlamentares russos acusou o presidente americano,
Barack Obama, de passar dos limites. Obama havia feito um alerta na
sexta-feira para que os russos evitassem uma ação militar na Ucrânia.
O parlamento russo também pediu que o embaixador russo nos Estados
Unidos seja chamado para consultas, mas essa decisão cabe a Putin, e não
ao Legislativo.
A Rússia já possui uma presença militar na região da Crimeia, no sul da
Ucrânia. Mas o texto de Putin faz referência ao "território ucraniano", o
que pode significar que as tropas seriam enviadas a outras partes do
país - e não apenas à Crimeia.
A Ucrânia considera as ações russas uma "provocação" ao seu país. O
presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchynov, convocou uma
reunião de emergência de seu gabinete.
De Kiev para Crimeia
A Ucrânia e a Rússia vivem dias de grande tensão, em uma disputa de influência entre o Ocidente e os russos na Ucrânia.
IMIGRANTES UCRANIANOS EM SP ACOMPANHAM PROTESTOS NA TERRA NATAL
No mês passado, após várias semanas de protestos nas ruas da capital
Kiev, o presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, foi afastado por uma
votação no Parlamento. As manifestações começaram em novembro do ano
passado, quando Yanukovych rejeitou uma aproximação com a União Europeia
em prol de um acordo econômico com a Rússia.
Um governo interino crítico à influência russa assumiu a Ucrânia após a
queda de Yanukovych, que agora é procurado pela Justiça do país, acusado
de mandar matar manifestantes. O ex-presidente recebeu abrigo na Rússia
e prometeu continuar lutando pelo seu país.
Na última semana, o foco do conflito passou a ser a Crimeia, uma região
de 2,3 milhões de habitantes que faz parte da Ucrânia, no litoral do Mar
Negro. Muitos na Crimeia se consideram russos étnicos e falam o idioma
russo, com grande simpatia por Yanukovych. A Rússia tem forte presença
militar na região do Mar Negro.
Há temores de que a Ucrânia e a Rússia possam entrar em conflito pelo controle da Crimeia.
Esta semana, homens não-identificados - que seriam parte de milícias
pró-Rússia - tomaram o controle de prédios públicos e aeroportos na
Crimeia. Na quinta-feira, o Parlamento regional nomeou um novo
primeiro-ministro na região, Sergey Aksyonov, que é líder do principal
partido pró-Rússia.
Neste sábado, Aksyonov fez um apelo a Vladimir Putin para que a Rússia
"reestabeleça a calma na região". A Rússia afirmou que não ignoraria o
apelo feito por Aksyonov, e pouco depois Putin noticiou o pedido ao
Parlamento russo para analisar o envio de tropas à Ucrânia.
Ucrânia e Rússia trocam acusações em relação às ações na Crimeia.
O ministério das Relações Exteriores da Rússia diz que o governo da
Ucrânia enviou tropas à Crimeia neste sábado para tentar retomar o
prédio do ministério do Interior. Já as autoridades interinas da Ucrânia
acusam a Rússia de enviar 6 mil soldados à Crimeia.
Na madrugada de sexta-feira para sábado, homens armados
não-identificados teriam tomado outra pista de aviação. O governo russo
nega qualquer envolvimento no episódio.
Estados Unidos
Os acontecimentos na Crimeia também despertam preocupações nos Estados Unidos.
Antes do anúncio russo, o presidente americano, Barack Obama, havia
feito um alerta aos russos de que qualquer ação militar russa na Ucrânia
traria "custos" à região.
"Qualquer violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia
seria profundamente desestabilizadora, o que não está nos interesses da
Ucrânia, da Rússia ou da Europa", afirmou Obama, na noite de
sexta-feira.
"Isso representaria uma profunda interferência em assuntos que precisam
ser determinados pelo povo da Ucrânia. Seria uma clara violação do
compromisso da Rússia de respeitar a independência e soberania e as
fronteiras da Ucrânia - e as leis internacionais."
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