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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 04, 2014

Com "selfie" e bandeiras, população da Crimeia comemora presença militar da Rússia

Maioria da região de fronteira com Ucrânia é favorável a Vladimir Putin, evidenciando diferenças com capital Kiev


Moradora da Crimeia tira foto "selfie" com soldados russos

"Sejam bem-vindos". Com essas palavras, grande parte da população da Crimeia recebe o Exército russo - que cruza fronteira e movimenta tropas na região da península. Após Moscou avançar sobre bases militares associadas à capital Kiev, milhares de pessoas foram às ruas nesta segunda-feira (03/03) para apoiar o presidente Vladimir Putin e celebrar a chegada das Forças Armadas . "É a nossa libertação", afirmam manifestantes citados por agências internacionais.

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Quando as tropas russas desembarcaram no porto de Balaclava, algumas pessoas chegaram a pedir fotos com os soldados. De acordo com informações da imprensa local, os que não tinham um amigo para disparar a câmera, não hesitaram em fazer o registro com "selfies" - foto feita com as próprias mãos (como na imagem acima).

Scmp

População da Crimeia foi às ruas para saudar soldados russos

As manifestações na Crimeia vão na contramão das ruas de Kiev, que há pouco mais de uma semana destituiu o presidente Víktor Yanukóvych. Enquanto na capital grupos de ultradireita organizaram protestos violentos contra Rússia e a favor da adesão à União Europeia, na Crimeia a maioria da população se proclama "pró-Russia", evidenciando uma clara diferença política e ideológica.

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Logo após as notícias que  tropas russas haviam assumido o controle do terminal de balsas da Crimeia, centenas de pessoas se reuniram em frente ao Parlamento da República autônoma com bandeiras russas na mão. De acordo com o portal SCMP, os manifestantes cantavam canções em alusão ao ex-combatentes da República Soviética.

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Em uma praça no centro da Crimeia, dezenas de pessoas realizaram "um cordão humano" em torno de um monumento em homenagem a Lenin e ao bloco socialista da antiga União Soviética para proteger de ataques dos grupos de ultradireita ucranianos. Na semana passada, os opositores derrubaram uma estátua em homenagem a soldados soviéticos que lutaram contra o nazismo.

“Agora temos razões para ter esperança”, disse Vladimir Grigorechenko, 56 anos, em entrevista ao jornal Público. “Não acho que uma invasão possa acontecer. Mas Putin foi claro: ele vai proteger a população da Crimeia. Era isso que todos esperávamos ouvir. Ele só vai agir se houver uma provocação”, reiterou.

Banhada pelo Mar Negro, da Crimeia tem uma população de 2 milhões de habitantes, dos quais 60% são russos, 25%, ucranianos e 12%, tártaros. Além de estar na fronteira entre os dois países, o peninsula vivencia o clima de tensão, após o governo provisório ucraniano declarar a possibilidade de uma lei que vá abolir o uso de outras línguas em circunstâncias oficiais no país.




Apoio também na Rússia

Milhares de pessoas também se manifestaram ontem (2), no centro de Moscou, contra a mudança de poder na Ucrânia e em apoio à população de origem russa na Crimeia. A manifestação começou pouco depois de terminar na capital russa um protesto antiguerra.

Segundo o Ministério do Interior russo, da marcha, que partiu da Praça Púchkin, participaram 27 mil pessoas, convocadas “para apoiar o povo irmão na luta contra os provocadores que tomaram o poder em Kiev”.

Sob o lema Assembleia popular pelo povo irmão, os manifestantes marcharam com bandeiras russas e cartazes com legendas como Defenderemos a Crimeia ou A Crimeia está conosco.

Além da marcha, cerca de 50 veículos integraram uma caravana nas colinas de Vorobiev, antigas colinas de Lenin, também em apoio aos russos da Crimeia.

(*) Com informações da Agência Brasil, Público.es, El Mundo, RT, South China Morning Post

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