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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 01, 2014

Garis enfrentam bombas de gás de pimenta em protesto no Rio



 


Cerca de mil garis e manifestantes ocupam parte da Avenida Presidente Vargas
Cerca de mil garis e manifestantes ocupam parte da Avenida Presidente Vargas
Um grupo com cerca de mil garis e simpatizantes que fazia caminhada em direção ao Sambódromo entrou em confronto com a Tropa de Choque da Política Militar na Avenida Presidente Vargas, a pouco metros da sede da prefeitura. O conflito começou depois que a passeata foi barrada pelos policiais. Pouco depois de breve negociação, quando a caminhada foi reiniciada, os policiais passaram a usar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Os garis ameaçam entrar em greve por melhores condições de trabalho, reajuste salarial, vale-refeição e pagamento de hora extra. Todos os policiais que participam da operação estão sem identificação e o major Brum, responsável pela ação, não justificou a medida. A manifestação partiu da sede do Sindicato de Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro, que chegou a decretar uma greve de um dia na noite desta sexta-feira. Nesta manhã, uma nova assembleia discutia uma possível contraproposta da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), mas os dirigentes não compareceram.
Um dos organizadores do protesto, Bruno Lima, que é gari, disse que a categoria está há três anos insatisfeita com as condições de trabalho e avalia que o carnaval é o momento ideal para mostrar a importância da categoria para a cidade.
– A gente não aguenta mais. São salários muito baixos, de cerca de R$ 900, o tíquete está defasado e as condições do trabalho são péssimas. Falta funcionário, a Comlurb virou cabideiro politico e quem trabalha de forma operacional, não tem valor – disse.
Em nota divulgada mais cedo à imprensa, o vice-presidente do sindicato, Anyonio Carlos da Silva, que informou sobre a paralisação, na véspera, voltou atrás e explicou que a categoria não estava em greve. As ruas da capital fluminense, no entanto, amanheceram cobertas de lixo esta manhã. A Lapa, tradicional bairro boêmio, permaneceu suja até as 9h, quando alguns garis apareceram para retirar o lixo que ficou das festas de carnaval da noite passada.
*correiodobrasil

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