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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 11, 2014

Hitler: o principal “aliado” dos EUA







Hitler: o principal “aliado” dos EUA
Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA usam da mesma tática de demonização de seus “inimigos da vez”, comparando-os com líder nazista
Por Redação
Se existe uma fórmula que é praticamente infalível para os sucessivos governos norte-americanos na formação da opinião pública mundial, para o lado dos EUA, é chamar o inimigo da vez de “novo Hitler”.
Se Hillary Clinton comparou Putin com Hitler; John Kerry também o fez com Assad; John McCain com Raúl Castro; George W. Bush com Saddam Hussein e Donald Rumsfeld com o presidente Hugo Chávez, da Venezuela.
O professor norueguês Floyd Rudmin seguiu com a lista de “Hitlers” na visão dos EUA: Allende (Chile), Noriega (Panamá), Ortega (Nicarágua), Milosevic (Sérvia), Arafat (Palestina), Qaddafi (Libia), Ahmadinejad (Irã), and Kim (Coreia do Norte). O que torna Putin apenas o “Hitler do momento”.
No entanto, como o escritor Vicenç Navarro bem apontou, “classificar o presidente da Rússia como Hitler já alcança nível recorde, mostrando o grau de ignorância e de insensibilidade dos EUA, pois foram a Rússia e as outras repúblicas da União Soviética que derrotaram Hitler. Ao contrário do que Hollywood mostrou, as tropas nazistas foram derrotadas predominantemente pelas tropas da União Soviética e não pelas dos Estados Unidos”.
A campanha de desinformação e propaganda dos EUA e seus aliados no entanto não se limita apenas à “hitlerização” de Putin – ela tem tem alcançado níveis extremos de falta de comprometimento com a verdade e omissão dos fatos . O renomado jornalista Robert Parry, por exemplo, acusou o The New York Times de “deturpar sistematicamente a informação sobre os acontecimentos na Ucrânia” e cita a tragédia desse final de semana em Odessa,  que tirou a vida de mais de 40 pessoas em um incêndio criminoso após manifestantes contra o governo de Kiev terem se refugiado no prédio da Casa dos Sindicatos, tentando escapar de uma armadilha promovida pelos ultra-nacionalistas do Setor Direita. O jornal sequer mencionou isso no seu artigo, deixando sem explicação quem foi queimado vivo dentro do prédio e quem fez os partidários da federalização ficar por trás.
No vídeo abaixo ainda é possível ver que os sobreviventes ainda foram agredidos pelos grupos de extrema direita. Todavia, essa parte da notícia falhou em alcançar as manchetes na mídia ocidental, da mesma maneira que a comparação de Putin com Hitler deixa para trás – convenientemente – o fato dos rivais ucranianos do líder russo, serem assumidamente neonazistas.

*Forum

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