Dias atrás escrevi um artigo
acusando a Igreja Católica de ser "uma organização criminosa que montou
um esquema sórdido para acobertar predadores sexuais". Encontrei hoje,
num livro que li há bastante tempo, O poder e a glória, do historiador
inglês David Yallop, um trecho que gostaria de partilhar com vocês:
"De sua história pessoal consta o ingresso voluntário -
ao contrário das afirmações de Ratzinger, a convocação não foi
compulsória - no movimento da juventude de Hitler. Seu próprio relato
das atividades posteriores da Wehrmacht também é obscuro.
Como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, o
cardeal Ratzinger em várias ocasiões recusou-se a investigar denúncias
repetidas incluindo depoimentos juramentados de que o fundador dos
Legionários de Cristo, Marcial Maciel, com frequência abusava
sexualmente de membros jovens de sua organização. O cardeal sabia muito
bem da alta consideração que o papa João Paulo II tinha por Maciel. Com
Wojtyla morto e Ratzinger devidamente eleito como seu sucessor, as
provas contra Marcial Maciel, durante anos negligenciadas, finalmente
foram consideradas. Em 19 de maio de 2007, o Vaticano anunciou que, após
um exame intensivo das várias acusações, a Congregação para a Fé, sob a
direção de seu novo prefeito, cardeal William Levada, decidiu, 'levando
em conta a idade avançada do reverendo Maciel e sua saúde delicada, não
tomar qualquer atitude contra ele'. Preferiu convidá-lo a levar 'uma
vida reservada de oração e penitência, renunciando a todo ministério
público'. Este, porém, não era o sinal de que as muito necessárias
reformas relacionadas ao abuso sexual por parte de membros do clero
estivessem prestes a ser implementadas. Consta também que Ratzinger
emitiu uma advertência por escrito para todos os bispos católicos do
mundo sobre as penalidades rígidas que estavam sendo enfrentadas por
aqueles que encaminhassem acusações de abuso sexual às autoridades
civis. Desse modo ele garantia que o desejo de seu predecessor de que as
Igreja encobrisse essas atividades – um ponto de vista que Karol
Wojtyla havia expressado aos bispos austríacos em 1998: 'como toda casa
que tem quartos especiais que não são abertos aos convidados, a Igreja
também precisa de locais para conversas que requerem privacidade' –
continuasse a ser a política oficial." (página 549)
Como eu disse antes, não se trata de 1%... E para
aqueles que acham que Yallop é ateu, veja como ele encerra o seu livro
(página 550): "Deus ajude a Igreja Católica Apostólica Romana".
*euracional
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