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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 16, 2014

 85 mais ricos têm mesma riqueza que metade do mundo, diz organização



DESIGUALDADE

Riqueza de 1% da população é 65 vezes maior que a da metade do mundo. 70% das pessoas vivem em países onde desigualdade cresceu em 30 anos.

Relatório divulgado nesta segunda-feira (20) pela organização Oxfam International aponta que as 85 pessoas mais ricas do mundo concentram a mesma riqueza que a metade menos favorecida da população mundial. A entidade reúne organizações que trabalham pelo fim da pobreza e da desigualdade.

Em outra comparação, o texto mostra que  1% da população tem a fortuna de US$ 110 trilhões. “Esse montante é 65 vezes maior que a riqueza total da metade menos favorecida da população mundial”.

O estudo aponta, ainda, que sete a cada dez pessoas vivem em países onde a desigualdade econômica cresceu nos últimos 30 anos. Os dados têm como fonte relatórios do Fórum Econômico Mundial e do Credit Suisse de 2013, diz a Oxfam.

A entidade aproveita a realização do Fórum Econômico Mundial, em Davos, para pedir políticas que contenham o rápido aumento da desigualdade.

"A extrema desigualdade econômica é prejudicial e preocupante por várias razões: é moralmente questionável, pode ter impactos negativos sobre o crescimento econômico e sobre a redução da pobreza e pode multiplicar os problemas sociais. Ela agrava outras desigualdades, tais como aquelas entre homens e mulheres. Em muitos países, a desigualdade econômica extrema é preocupante por causa do impacto pernicioso que as concentrações de riqueza podem ter sobre a igualdade de representação política", diz o relatório.

Os levantamentos da Oxfam pelo mundo captaram a descrença das pessoas em relação ao fim das desigualdades. "Pesquisa realizada em seis países (Espanha, Brasil, Índia, África do Sul, Reino Unido e EUA) mostrou que a maioria das pessoas acredita que as leis são distorcidas em favor dos ricos. Na Espanha, oito em cada 10 pessoas concordaram com essa afirmação", diz o relatório.
*http://quoduniomystica.blogspot.com.br/2014/05/85-mais-ricos-tem-mesma-riqueza-que.html

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