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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 09, 2014

    SÃO PAULO TEM ÁGUA, SÃO PAULO NÃO TEM É GOVERNO


São Paulo, PSDB do Aécio, não põe um centavo no SAMU/192

http://correio.rac.com.br/_midias/jpg/2014/01/30/samu-1816382.jpg
publicado em 15 de julho de 2010
por Conceição Lemes
Selma Correa, 67 anos, mora na Vila Mariana, bairro de classe média alta de São Paulo. Há 15 teve um infarto agudo do miocárdio. Estava sozinha em casa.
“De repente, senti uma dor violenta e persistente no peito. Meu braço esquerdo começou a formigar e eu, a suar frio. Tive tosse e vontade de vomitar. Parecia haver algo espremendo o meu tórax”, relembra. “Desconfiei de infarto, pois uma irmã havia tido. Imediatamente desci [mora no 14º andar], peguei o primeiro táxi que passou e fui para o pronto-socorro do Hospital São Paulo. Era infarto violento. Minha pressão arterial chegou a 6 por 4 [considera-se normal 12 por 8]. O médico disse que se eu tivesse esperado mais uns minutos – de casa ao hospital são dez –, não estaria mais aqui.”
Há três anos uma amiga de Selma, Elenice Cortês, que reside no mesmo bairro, começou a passar mal enquanto conversavam ao telefone. Os filhos estavam na faculdade e o marido em viagem.
“No ato, liguei para o SAMU – o 192. Em 20 minutos a equipe chegou. Mediu pressão, ouviu o coração, colocou a Elenice no soro, conversou com a central e levou-a para o pronto-socorro. Ela teve um derrame [acidente vascular cerebral, ou AVC]”, conta Selma. “Hoje, quando vejo alguém se acidentar ou passar mal na rua ou em casa, chamo na hora o SAMU.”
Selma não é exceção. Cada vez mais o 192 é acionado. De telefone celular, fixo ou orelhão, a ligação é gratuita. SAMU é a sigla do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, programa criado em 2003 pelo governo federal. O SAMU atende o usuário na residência, na via pública e no local de trabalho.
“No Brasil, havia municípios que dispunham de alguns serviços para atender emergências pré-hospitalares”, afirma o médico Clésio Mello de Castro, coordenador geral de Urgência e Emergência, do Ministério da Saúde. “Porém, como programa do SUS [Sistema Único de Saúde], destinado a 100% da população, esse atendimento só passou a existir há sete anos, quando o SAMU foi criado.”
“Através do telefone 192, o socorro chega onde o usuário está. A equipe presta atendimento já no local, antes de chegar nospital, no menor tempo possível, salvando vidas e diminuindo seqüelas”, explica Castro. “O programa ‘enxerga’ ainda o serviço mais próximo e adequado para levá-los em seguida para diagnóstico preciso e tratamento, quando necessário. A ambulância vai direto, ganha tempo, o que é crucial em emergências.”
AMBULÂNCIA E EQUIPE ESPECÍFICAS PARA CADA SITUAÇÃO
A ambulância é a vitrine do SAMU. É a parte mais visível, a que se vê nas ruas. São 1.521 em 1.286 municípios já atendidos pelo programa. Dependendo da área, há também motos, lanchas e helicópteros.
“Quando você disca SAMU/192, está ligando para uma central de regulação, onde, além das telefonistas, há profissionais de saúde, inclusive médicos”, esclarece Castro. “O tipo de atendimento, ambulância e equipe vai depender da gravidade do caso. Há situações em que basta uma orientação por telefone.”
É o caso de uma criança que cai na escola e faz um pequeno corte na testa. Da própria central, o médico pode orientar a professora a proteger o machucado e encaminhar com o próprio carro o aluno até o hospital.
Outro exemplo: pai liga para o SAMU para saber se a dose do remédio que a criança ingeriu está adequada. Também da central, o médico orienta-o. Isso também salva vida, pois a dose errada pode ter efeitos colaterais graves.
Já se a pessoa cai da própria altura (por exemplo, escorrega na rua ou em casa), está consciente e sem fratura exposta, o médico da central envia ambulância com suporte básico, cuja equipe vai imobilizar o doente e levá-lo ao hospital mais próximo.
A ambulância de suporte básico normalmente é composta de motorista socorrista (treinado para auxiliar no atendimento) e técnico de enfermagem. Eles dão os primeiros cuidados para que este paciente não tenha prognóstico pior.
Em casos de capotamento de veículo, com perda da consciência, ou infarto, é necessário cuidado médico especializado no local. É enviada então uma UTI móvel, com médico e enfermeiro. Todos os equipamentos que existem numa UTI há nesta ambulância.
“Parte das ambulâncias do SAMU é equipada com aparelho que faz eletrocardiograma, transmite-o via telefone para uma central no Hospital do Coração [HCor], que faz a leitura e devolve o resultado”, ressalta Castro. “Todo esse processo dura, em média, cinco minutos. Ele permite diagnóstico mais preciso ainda em casa. Se confirmado infarto do miocárdio, por exemplo, a equipe do SAMU já inicia a medicação antes mesmo de levar o paciente para o hospital.”
O serviço de eletrocardiograma digital à distância é uma tecnologia de ponta e visa aos usuários do SUS. É uma parceria do Ministério da Saúde com o HCcor, em São Paulo, cujo diretor-geral é o dr. Adib Jatene. A central do hospital, com 16 cardiologistas, funciona também 24 horas por dia.
“O procedimento permite agilidade, precisão e redução do tempo de atendimento, diminuindo as sequelas e mortes por doenças cardiovasculares”, afirma o professor Adib Jatene, considerado um dos grandes cirurgiões cardíacos do país. “Pode reduzir em até 20% o número de mortes por doenças do coração.”
“O SAMU atende rápido e no local em que o paciente está”, reforça Clésio Castro. “Seguramente está salvando muitas vidas.”
“Aparentemente, o atendimento do SAMU diminui o risco de óbito no local, mas ainda não há estudos de longo prazo das vítimas após a alta”, observa Gustavo Fraga, professor e coordenador de Cirurgia do Trauma da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O SAMU faz o socorro pré-hospitalar. Mas isso não garante que as vítimas de trauma, que representam 25% dos atendimentos, sobreviverão depois e terão qualidade de vida. Para que o SAMU tenha impacto efetivo é preciso investir também e bastante nos hospitais de referência e na reabilitação. O SAMU resolve apenas um pedaço do problema. De qualquer forma, inegavelmente, é um avanço importante.”
TODOS OS ESTADOS CONTRIBUEM, EXCETO SÃO PAULO
O SAMU alcança 106 milhões de brasileiros. Região Sul: 17.221.962. Nordeste: 26.179.381Centro Oeste: 10.407.577. Sudeste: 45.371.427. E região Norte: 6.550.451.
Acre, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, Santa Catarina já têm 100% de cobertura. É provável que ainda em 2010 se torne também universal nos estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte.
“O financiamento do SAMU é tripartite: 50% vêem do governo federal, 25% do estado e outros 25% do município”, expõe Castro. “A participação dos três entes da federação dá mais sustentabilidade ao programa, facilita a sua manutenção e ampliação e possibilita atendimento adequado.”
Supondo que o custo anual seja de 50 milhões. À União cabem 25 milhões, ao estado, 12,5 milhões e aos municípios, outros 12,5milhões, divididos entre eles.
Todos os estados – inclusive os do Norte e Nordeste — participam da divisão de contas, exceto um: São Paulo, até recentemente governado pelo presidenciável José Serra (PSDB), ex-ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso. São Paulo não coloca um centavo no projeto SAMU. É a opção gestora adotada pelo estado.
Portanto:
1) Todo o atendimento do SAMU em São Paulo, inclusive as ambulâncias, é custeado unicamente pelo governo federal e municípios. São 91 municípios e 32 centrais.
2) A conta dividida em dois fica então mais pesada para os municípios, que são obrigados a arcar com a parte que deveria ser do estado, aumentando os seus gastos.
3) Se São Paulo contribuísse com a porcentagem que foi pactuada, certamente a cobertura do SAMU no estado seria muito maior.
“Não temos como obrigar o estado a investir no SAMU”, atenta Castro. “Porém, é responsabilidade dele também pelo pacto tripartite. São Paulo não está cumprindo o seu papel. Esperamos que reveja a sua posição, pois facilitaria a ampliação do SAMU no estado.”
A propósito, se na sua cidade já tem o SAMU, não hesite em telefonar para o 192 nestas situações:
* Ocorrência de problemas cardiorrespiratórios
* Intoxicação
* Queimaduras graves
* Ocorrência de maus tratos
* Trabalhos de parto onde haja risco de morte da mãe ou do feto
* Tentativas de suicídio
* Crises hipertensivas
* Quando houver acidentes/trauma com vítimas
* Afogamentos
* Choque elétrico
* Acidentes com produtos perigosos
* Transferência entre hospitais de doentes com risco de morte
Não imaginam o alívio que dá, quando se vê o SAMU chegar, pois as equipes são treinadas para lidar com emergências. Esta repórter já testemunhou isso algumas vezes. A ligação para o 192, relembramos, é gratuita. Em caso de urgência, não perca tempo. Ligue IMEDIATAMENTE para o 192. Alguns minutos podem fazer a diferença entre a vida e a morte ou mais seqüelas.

Falta de repasse trava Samu regional

Sem participação estadual, cidades avaliam se terão condições de manter alto custo do serviço

15/03/2014 Bruna Mozer

A falta de repasses do Estado para o custeio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é um dos fatores que impedem a expansão e integração do serviço entre cidades da região de Campinas — uma discussão que se arrasta há quatro anos. Vinhedo informou nesta semana que desistiu do projeto de regionalização do sistema por avaliar que o custo para manter o Samu é alto demais para a Prefeitura, já que o município que teria de arcar com boa parte dos gastos. Campinas, Jaguariúna, Indaiatuba e Valinhos seguem com a discussão, mas sem previsão de implantação.

Campinas é única cidade da região metropolitana que tem o Samu, mas vive uma crise com falta de profissionais suficientes e de estrutura, como revelou o Correio nas últimas semanas. Resolução do Ministério da Saúde prevê que 50% do custeio seja feito pelo governo federal, até 25% pelas prefeituras e, no mínimo, 25% pelo Estado, o que não tem ocorrido. Sem a ajuda do governo estadual, as cidades têm avaliado que o projeto pode ser inviável financeiramente.

Avaliação

A Secretaria de Estado da Saúde admite sua “ausência” no custeio, mas defende que faz investimentos em outros projetos para atendimento de emergência nas cidades paulistas (leia texto nesta página). O governo estadual avalia um pedido de financiamento apresentado pela Região Metropolitana de Campinas (RMC) para a criação do Samu regional.

Em Campinas, Prefeitura assume boa parte das despesas: do total de R$ 1,5 milhão ao mês que é usado para o custeio do Samu, cerca de R$ 300 mil são enviados pelo Ministério da Saúde e o restante (80% dos gastos) é bancado pelo governo municipal. Se o sistema fosse regionalizado, além de melhorar o atendimento nas cidades vizinhas, Campinas poderia passar do nível habilitado, como é hoje, para o qualificado aumentando o repasse federal de R$ 300 mil para R$ 500 mil ao mês — a regionalização é pré-requisito para a mudança de qualificação e aumento de verbas.

Alívio financeiro

O coordenador do Samu em Campinas, José Roberto Hansen, explica que a somente com a regionalização do atendimento, a cidade poderia passar o nível qualificado. Para ele, não seria possível ampliar de forma significativa a estrutura, mas daria um “alívio” financeiro à Prefeitura. Hansen, que há anos tem encabeçado essa discussão, defende que a ampliação do sistema para as cidades vizinhas melhoraria como um todo o serviço.

“As cidades têm interesse e precisam ter o Samu porque possuem uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).” Sem o serviço nas cidades, o Samu de Campinas é responsável por realizar o atendimento de casos mais urgentes nos municípios da região. Nos demais, a população é atendida por ambulâncias das prefeituras.

Projeto


Com a proposta de regionalização, Campinas passaria a ser uma central, com atendimento pelo 192, e passaria as demandas para cada cidade. Cada cidade manteria ambulâncias e uma estrutura do Samu, em números estabelecidos de acordo com o tamanho do município.


A Prefeitura de Vinhedo informou, por meio de assessoria de imprensa, que considera o Samu regional um importante projeto para a saúde pública, mas que o financiamento fornecido pelo Ministério da Saúde ainda é pequeno. Em seguida, a Prefeitura alegou que não concorda “com os altos custos propostos para serem assumidos pelo município sem a ajuda do governo do Estado neste processo”. A Prefeitura mantém o Resgate Municipal e avalia que, junto com a UPA, a demanda da população é suprida.

Novo projeto

A Prefeitura de Indaiatuba informou que continua acompanhando as discussões para implantar a regionalização. Segundo o Executivo, um novo projeto deverá ser apresentado até julho, para entrar em vigor em 2014. Uma reunião está agendada para a próxima semana na cidade.

Até que o projeto saia do papel, Valinhos resolveu inaugurar Serviço de Atendimento Médico de Valinhos (SAMV). Jaguariúna não se posicionou sobre o assunto.

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THIETRE MIGUEL - RIO DE JANEIRO-RJ

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