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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 28, 2011

O ENEM e a democratização do ensino superior brasileiro

do blog do prof. Adriano Leres
O que é o ENEM?
O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que na edição de 2011 ocorreu nos dias 22 e 23 do mês de outubro, teve um dado interessante, que é o maior número de inscrição desde a sua primeira edição que ocorreu em 1998. A primeira edição fora lançada pelo então ministro Paulo Renato Souza (1945-2011). Neste ano foram 6.221.697 interessados em realizar o Exame que, originalmente, foi criado com o objetivo de avaliar o desempenho dos alunos ao final do ciclo escolar básico (Ensino Médio). A medida que os anos passaram-se, tal exame começou a ser aplicado em substituição ou como complemento dos vestibulares de acesso aos cursos profissionalizantes pós-Médio e ao Ensino Superior.
Nos Estados Unidos um pais desenvolvido, ocorre um Exame parecido, este é identificado comoScholastic Assessment Test (SAT, Teste de Avaliação Escolar), sendo que o ingresso em universidades dos Estados Unidos só é possível com a realização desse exame. Até hoje não conheço nenhum relato de especialista que conteste essa experiência americana.

Até o ano de 2004, o EXAME em questão não sofria tantas críticas, a não ser por parte dos educandos que queixavam-se de “Mais uma prova” a ser feita em um período de tamanha preparação para o tão sonhado ingresso numa universidade. Então QUAL MUDANÇA FOI ESSA EM 2004?

Acontece que em 2004 o Ministério da Educação (MEC) instituiu o Programa Universidade para Todos (ProUni-) e conectou a concessão de bolsas em instituições privadas à nota obtida no ENEM. Mais tarde, em 2009, foi instituído o SISTEMA DE SELEÇÃO UNIFICADA – SISU, na qual o participantes do ENEM poderão utilizar a sua nota para concorrer uma vaga nas universidades federais participantes, para conhecer melhor esse programa do governo federal, consulte o link http://sisu.mec.gov.br.. Em suma, da mesma forma que o PROUNI possibilita que pessoas cursem no ensino superior em universidade/faculdade privada, o SISU possibilita o mesmo em universidade pública. Pensando nos estudantes o ENEM é um grande facilitador, pois possibilitaria que os vestibulandos preparem-se apenas para o ENEM (Caso ele fosse utilizado em todas as universidades do Brasil, seja pública ou privada), não tendo que prestarem diversas provas, cansativas e muitas delas fora da região onde mora, pensando em quem não possui estrutura para viajar o Brasil prestando vestibular em universidades públicas, a nota do ENEM como forma de ingressar em uma universidade do Brasil inteiro seria um grande facilitador.

Após tudo isso, começaram as críticas mais destrutivas possíveis por parte da grande mídia, da direita e da ala conservadora brasileira com relação ao ENEM, qualquer falha desse exame passou a ser especulada pela grande mídia como se fosse o “Apocalipse”.
A questão é que os críticos do ENEM na sua maioria são assíduos inimigos do PROUNI e SISU, mas não possuem coragem suficiente para assumir isso em público, por isso preferem direcionar suas criticas ao ENEM, visando o cancelamento deste como forma de inviabilizar ou atrapalhar o ingresso das classes populares, afro descendentes, no ensino superior, essa mesma elite que está incomodada com o fato de um trabalhador que possuía um Sub-emprego, vendo o seu filho não seguir no mesmo caminho. Isso já é uma mudança drástica na educação brasileira. Podemos fazer um paralelo do ENEM com o SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) ou até mesmo à Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), esses últimos não recebem nenhuma critica, nem estão na mira dos mesmos abutres que rondam o ENEM, isso não quer dizer que não haja brechas, pois elas existem sim, só perguntar aos participantes desse processo, aos professores, alunos que boicotam provas etc. Vale lembrar que só o ENEM viabiliza o ingresso à universidade.

Classes populares e a critica ao ENEM - Alienação
Da classe dominante e de seus porta-vozes (Globo, Folha de São Paulo, VEJA etc., mais popularmente conhecido como PIG – Partido da Imprensa Golpista) essa crítica já é de se esperar, mas ouvir isso nas ruas, ônibus, escolas e ambientes diversos nas periferias é que me incomoda, pois os meus semelhantes estão aderindo ao discurso da classe dominante não percebendo que um possível cancelamento do ENEM traria consequencias graves ao processo seletivo de ingresso nos programas PROUNI e SISU.
Se o problema é com a PROVA, com os seus vazamentos, ou erros de impressão que seja, não podemos colocar em questão todo o aparato já apresentado acima, que o governo pense maneiras de reforçar a segurança, elabore a avaliação ou pense de forma a inibir essas eventualidades.

Preparação de forma igualitária
A prova é unificada para o Brasil inteiro, desta forma os temas e conteúdos estudados nas escolas e pelos alunos de forma individual não há nenhum tipo de segregação, ou seja, não é feito para que só os participantes da elite tirem as melhores notas. A prova é muito bem contextualizada, facilitando o entendimento e consequentemente as respostas são mais precisas não havendo distinção de pessoas.

Como um membro da classe baixa, afrodescendente e morador de periferia, espero que o MEC, tampouco o governo da Presidente Dilma atendam os interesses de pessoas que não querem ver os meus semelhantes cursando o ensino superior. Espero também que meus semelhantes não caiam no erro de criticar ou sucatear o ENEM juntamente com o PIG, pelo contrário vamos unir forças nas redes sociais (Facebook, Twitter etc.) para manter esses programas ativos, vamos incentivar a juventude a preparar-se para participação no ENEM, aos mais vividos que estão disputando uma vaga também, não desanime, vamos fazer a classe dominante ter que disputar uma vaga no Ensino Superior de igual para igual com a classe baixa e média baixa
*BrasilMobilizado

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