Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 27, 2011

Venceu o bandido e a imprensa

No jornal Nacional:“A presença de Vossa Excelência aqui é uma afronta ao povo brasileiro. O Brasil não quer Vossa Excelência cuidando da Lei Geral da Copa, e sim o quer distante do Ministério dos Esportes”, afirmou o deputado ACM Neto (DEM-BA), líder do partido.



No dia seguinte:Abandono

Na reunião que selou a saída do ministro, Dilma reclamou da apatia dos aliados na sessão da véspera na Câmara. "Como pode o ACM Neto falar aquilo e ninguém reagir?", disse a presidente.
 

Inversão de valores venceu: Orlando Silva sai por excesso de honestidade

Atualização: Eis o vídeo da entrevista coletiva de Orlando Silva após deixar o cargo:



O ex-ministro Orlando Silva sai do ministério do esporte de cabeça erguida, porque não se submeteu às chantagens, enfrentou a onda de denúncias e detratores como poucos políticos já fizeram antes, e mostrou uma resistência difícil de se ver. Sua única derrota foi na batalha da comunicação. A versão prevaleceu sobre o fato.

Ficarei muito surpreso se encontrarem alguma coisa real contra ele (podem encontrar de outras pessoas do ministério do esporte, mas sem haver má-fé dele).

Se ele fosse corrupto, com a verba que teve nas mãos, teria dado algum jeitinho de aliviar e se acertar com o PM João Dias, na calada da noite. Preferiu fazer a coisa certa, e partiu para o enfrentamento.

Cargo de ministro é assim mesmo, e do mesmo jeito que é nomeado, sair também faz parte, e seu próprio partido, PCdoB, achou que ele perdeu condições políticas para ficar no cargo.

A questão é saber se, politicamente, essa decisão foi de fato acertada, principalmente para o governo Dilma.

Sem provas, ainda havia gordura para queimar, mantendo o ministro no cargo. Cedendo com essa relativa facilidade, qualquer outro ministro poderá ser a bola vez: basta encontrar qualquer fraude CONTRA o ministério e negociar com o fraudador para fazer uma entrevista inventando uma denúncia falsa contra o ministro. Depois bombardeia-se diariamente com manchetes fantasiosas, transformando honestidade em suspeita qualquer coisa da vida particular ou pública do ministro.

Outra coisa instigante é saber: como pode um ministro desagradar a tantos interesses ao mesmo tempo, a ponto de ficar quase isolado?

A FIFA, a CBF e Ricardo Teixeira comemoraram sua queda.

Jornalistas da TV Record, inimigos de Teixeira, comemoram sua queda.

A TV Globo, aliados de Teixeira, conspirou junto à Veja, para derrubá-lo.

Como explicar tantos interesses antagônicos se unirem contra o mesmo ministro?

Só tenho uma explicação: excesso de honestidade! Falta de "jogo de cintura" para escolher a quem agradar e a quem desagradar. Conclusão: ainda há muito trabalho a fazer para o Brasil ser uma república, na acepção da palavra. 
*osamigosdopresidentelula

Nenhum comentário:

Postar um comentário