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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 27, 2011

Vaticano pede uma “autoridade pública global” e um “banco central mundial”

Instituição liderada por Bento XVI 
apela à criação de uma autoridade globa
Igreja Católica condena a idolatria do mercado
O Vaticano apelou hoje à criação de uma “autoridade pública global” e um “banco central mundial” para regular as instituições financeiras e impedir uma nova crise internacional.
Num comunicado citado pela agência Reuters, o Vaticano começa por dizer que “a crise económica e financeira pela qual o mundo está a passar exige que todos examinem em profundidade os princípios e os valores culturais e morais que estão na base na coexistência social”.
A instituição que representa a Igreja Católica condena aquilo que chama a “idolatria do mercado” e o “pensamento neo-liberal” que colocaram o mundo na rota da crise. Para tentar evitar uma nova turbulência na economia mundial, o Vaticano considera essencial a criação de uma “autoridade supranacional” de âmbito mundial e com jurisdição universal para orientar as decisões e políticas económicas.
De acordo com a instituição, uma autoridade deste género deveria começar tendo como ponto de referência as Nações Unidas e, mais tarde, tornar-se-ia independente.
Além disso, o Vaticano considera que é necessário um banco central mundial, visto que, “em termos económicos e financeiros, as maiores dificuldades vieram da falta de um conjunto efectivo de estruturas que pudessem garantir, a par de um sistema de governança, um sistema de governo para o sistema financeiro e económico internacional”.
Para a instituição, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já não tem o poder ou a capacidade de estabilizar o mundo financeiro, pelo que é necessário “um banco central mundial, que regule o fluxo e o sistema de trocas monetárias semelhante aos dos bancos centrais nacionais”.
*Publico

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