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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Após legalizar maconha, Uruguai pretende regular álcool e mídia em 2014



Depois de atrair a atenção da opinião pública mundial em 2013 com a legalização da maconha, o governo do Uruguai pretende dar continuidade à sua agenda de reformas sobre temas polêmicos.  
 
As duas principais prioridades da coalizão de José Mujica neste ano são a regulação da mídia e da venda de bebidas alcoólicas.
Entre as propostas da Frente Ampla estão o aumento do controle sobre a publicidade e os pontos de venda de álcool. Os legisladores governistas querem proibir, por exemplo, a realização dos “happy hour”, situações em que as bebidas são comercializadas com preços mais baixos.
“O Uruguai precisa de regulação porque o álcool é a droga lícita que mais causa acidentes. Seus vendedores querem nos convencer de que é uma bebida refrescante e está associada a mulheres lindas”, argumentou o senador Ernesto Agazzi.
“Alguns interesses serão afetados, mas é um problema crescente. Há enormes quantidades de jovens que bebem ocasional ou frequentemente. Com essa medida, completaríamos a tríade de regulações, pois já fizemos isso com a maconha e o tabaco”, afirmou o senador Luis Gallo.
Assim como ocorreu no ano passado com a questão da maconha, a regulação da mídia e das bebidas alcoólicas contam com forte repúdio da oposição. No entanto, o governo Mujica dispõe de número suficiente de parlamentares para impulsionar tais medidas.
Outros projetos governistas que devem ser discutidos em 2014 são a limitação da compra de terras por empresas estrangeiras e a lei de responsabilidade penal do empregador.
Ainda em 2014, no mês de outubro, o Uruguai viverá as eleições que definirão o sucessor de Mujica. O favorito no pleito é justamente o antecessor do atual presidente, Tabaré Vázquez, também da Frente Ampla.
De acordo com alguns parlamentares e especialistas, o fato de ser um ano eleitoral pode dificultar a aprovação de todos esses projetos, mas a coalizão governista espera conseguir agilizar ao menos a regulação da mídia e das bebidas. 
 
*:militanciaviva!

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