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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, janeiro 12, 2014

Maranhão impede entrada de comissões de Direitos Humanos em Pedrinhas

Antes de ser barrado, grupo havia chegado de surpresa e constatado péssimas condições no Centro de Detenção Provisória



Artur Rodrigues - Enviado especial a São Luis
SÃO LUÍS - O governo de Roseana Sarney (PMDB) impediu nesta sexta-feira, 10, que uma comitiva formada por deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Maranhão e por integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrasse em presídio do Complexo de Pedrinhas. A deputada Eliziane Gama (PPS) tentou conseguir autorização para entrar, mas teve pedido negado pelo secretário de Administração Penitenciária, Sebastião Uchôa, por meio de mensagem de texto.
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Desde o ano passado, 62 presos morreram no Complexo de Pedrinhas - Márcio Fernandes/Estadão
Márcio Fernandes/Estadão
Desde o ano passado, 62 presos morreram no Complexo de Pedrinhas
Antes de ser barrado no Presídio São Luís 1, o grupo havia chegado de surpresa e constatado péssimas condições no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas, onde 21 presos se aglomeram em celas para seis. A negativa à entrada de Eliziane, presidente da Comissão de Direitos Humanos e provável candidata de oposição ao governo Roseana, ocorre dois dias depois da visita da Comissão de Segurança, presidida por um aliado da família Sarney, o deputado Roberto Costa (PMDB). Em entrevista à imprensa após sair do local, Costa elogiou o governo.
Um agente afirmou que o grupo só entraria se alguém fizesse "alguma ligação". "Quer dizer que só pode entrar aliado", disse a deputada enquanto tentava entrar. "Peço-lhe a compreensão e uma comunicação prévia para realizarmos o plano de segurança para visitação de autoridades às nossas unidades prisionais", disse Sebastião Uchôa, por mensagem de texto. Desde o ano passado, 62 presos morreram no Complexo de Pedrinhas.

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