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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, janeiro 23, 2014

PF LEVA CASO CORRUPÇÃO TUCANA AO STF

    Trensalão pagou propina a tucanos



Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Quando se trata de tucanos, a média das denúncias é de vinte anos de idade. Pois bem, vinte anos depois, a Folha conseguiu um “documento” que talvez já estivesse disponível dez anos atrás, comprovando (mais uma vez) que tucanos graúdos receberam propina da Alstom.

De qualquer forma, antes tarde do que nunca, embora saibamos que a imprensa e o nosso Judiciário apenas se mobilizaram porque o caso se tornou um vexame internacional, com autoridades suíças lamentando publicamente que nossos procuradores, durante anos, se recusaram a colaborar.

Os esquemas de corrupção dos tucanos têm número das contas, valor exato, dia dos saques, assinaturas, documentos, testemunhos, cartas, emails. 

Domínio do fato, condenações na base do “a literatura assim me permite”, ilações, e palhaçadas similares, só valem para petistas. Para acusar tucanos, é preciso haver todas as provas do mundo, em duplicata, em papel, em vídeo, em áudio, além dos testemunhos. 

Só que, com os tucanos, não teremos procuradores fazendo discursos políticos histéricos, falando em “patrimonialismo”, “golpe”, “mais atrevido esquema não-sei-das-quantas”. O MP não vai mandar fazer uma “trensalão para crianças” para publicar no site da instituição, como fez com o mensalão. 

Os ministros do STF também não darão entrevistas furibundas falando sobre ética, nem a mídia publicará ameaças ao Supremo dizendo que ficará “desmoralizado” se não apurar e julgar em tempo recorde. Também não teremos, nem de longe, a profusão de charges que acompanhou as denúncias do mensalão. 

Duvido também que algum ministro do STF irá assinar prefácios ou mesmo ir a lançamentos de livros que tratem do trensalão. Em se tratando de denúncias de corrupção, o paraíso é tucano.

Ninguém é achinchalhado pela mídia, ninguém é preso, ninguém passa aperto na ponte-aérea São Paulo-Brasília porque os passageiros ainda não assistiram, no Jornal Nacional, nenhuma reportagem mais enfática sobre o caso. É o mundo encantando dos “inocentes inclusive quando há provas”.

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