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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 14, 2014

O CARNICEIRO DO ORIENTE É ENTERRADO "IMPUNE".



O ex-premiê israelense Ariel Sharon, notório por ter permitido o assassinato de milhares de famílias palestinos durante a invasão militar ao Líbano de 1982, deixou um legado de massacres, agressões militares e de ocupação dos territórios palestinos, com a construção de milhares de casas nas colônias judias, foi enterrado nesta segunda-feira (13), no deserto de Negev, ao sul.

por Moara Crivelente,  Com informações das agências palestinas

Sharon (ao centro da foto) morreu no sábado (11), aos 85 anos de idade, depois de oito anos em coma devido a um
derrame cerebral. Seu corpo foi enterrado no rancho da sua família, no sul do deserto de Negev, a
poucos quilômetros da fronteira com a Faixa de Gaza palestina.
O seu velório foi realizado no Parlamento israelense, o Knesset, que fica oficialmente em Jerusalém
desde 1980, quando foi aprovada uma lei que definia a cidade, “unificada”, como a capital de Israel, em detrimento da reivindicação palestina sobre a sua porção leste. Na cerimônia estiveram presentes
diversas autoridades israelenses, diplomatas estrangeiros e o 
 
vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (foto acima), assim como o ex-premiê do Reino Unido, Tony Blair (foto abaixo).


O atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Sharon era “um grande guerreiro” (?)
que será para sempre lembrado, "com carinho", pelos israelenses. O presidente, Shimon Peres, também
disse que ele era “um soldado valente e um líder querido, que amava a sua nação, e cuja nação o amava. Ele foi um dos grandes protetores de Israel e um dos seus maiores arquitetos, que não conhecia o medo.”Autoridades palestinas também reagiram à morte de Sharon, classificando-o de criminoso de guerra que evadiu à justiça durante toda a vida. 

Ele foi “responsável pelo assassinato do [ex-presidente palestinoYasser] Arafat, e nós esperávamos tê-lo visto diante do Tribunal Penal Internacional, como criminoso de guerra”, disse Jibril Rajud, da liderança do partido Fatah, que está à frente da Autoridade Palestina.
 
O Hamas, partido islâmico que governa a Faixa de Gaza, disse que a morte de Sharon foi “um
momento histórico”, marcando o “desaparecimento de um criminoso cujas mãos estavam cobertas de
sangue palestino”.
 
Sharon é considerado um criminoso de guerra por diversos cientistas políticos e defensores daresistência palestina e da libanesa, principalmente, mas não apenas, pelos massacres nos campos derefugiados palestinos de Sabra e Chatila, no Líbano, durante a invasão israelense ao país, em 1982,quando era ministro da Defesa.
 

Os ataques, perpetrados sobretudo por milícias da extrema-direita libanesa, foi amplamente denunciado como facilitado e até acompanhado pelas tropas israelenses sob o comando de Sharon. Além disso,outros episódios de violência extrema como no campo de refugiados de Jenin, em 2002, por exemplo,
somam à lista de atos pelos quais os palestinos esperavam ver Sharon responder criminalmente.




Foto: AFP / Said Khatib

Na cidade de Khan Younis, na Faixa de Gaza, palestinos queimam cartazes de Ariel Sharon, neste fim de
semana, chamando o ex-premiê de Israel de "carniceiro".


O
Habitantes dos dois campos de refugiados de Sabra e Chatila demonstraram o seu ressentimento pela atuação criminosa do ex-general das Forças Armadas israelenses e ex-premiê. Ativistas internacionais e palestinos lamentaram que Sharon tenha morrido antes de enfrentar o julgamento internacional pelos crimes de guerra de que é acusado.
 
O maior lembrança do legado de Sharon para as futuras gerações, será esta
Sua morte é outra lembrança horrível de que os anos de impunidade prática pelos abusos de direitos não fizeram qualquer coisa para trazer a paz entre israelenses e palestinos mais próxima [da realidade]. Pelas milhares de vítimas dessas violações, a morte de Sharon, sem enfrentar a justiça, aumenta a sua tragédia,” disse Sarah Leah Whitson, diretora da seção Oriente Médio do Observatório dos Direitos Humanos (“Human Rights Watch”).
*militanciaviva

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