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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 16, 2014

Com prisão de empreiteiros na Lava Jato, o golpe faliu.


Ia tudo bem com o golpe demotucano. PSDB, Veja, Globo, a ala agora confessadamente tucana da PF em campanha, divulgando seletivamente o que lhes interessava na Operação Lava Jato. Menos uma coisa:

A militante ala tucana da PF procurou, procurou, tentou, tentou e não conseguiu encontrar nada contra Dilma.

Restou uma rocambolesca capa da Veja às vésperas das eleições para tentar eleger Aécio. O golpe falhou mais uma vez, e Dilma foi eleita.

Chegou a sexta-feira 14, com a sétima fase da operação prendendo cerca de 20 diretores de 9 das maiores empreiteiras do Brasil, inclusive alguns presidentes destas empresas.

Apesar de manterem as aparências e tentarem faturar com o fato, os políticos demotucanos não contavam com isso. O PIG (Partido da Imprensa Golpista) quer direcionar o fato apenas contra o PT, para derrubar Dilma, mas está difícil. E quer sangrar a Petrobras para privatizá-la a preço de banana. Mas como demonizar duas dezenas dos donos ou diretores de alguns dos maiores grupos econômicos do Brasil?

As grandes empreiteiras estão há décadas atuando. São velhas conhecidas dos governos tucanos, inclusive em outras operações da Polícia Federal como a Castelo de Areia. Continuam atuando nas maiores obras dos governadores do PSDB. Controlam os caros pedágios paulistas e paranaenses. Tem participações em empresas de vários setores da economia. Todas são grandes doadoras de campanha para todos os grandes partidos, e o PSDB é um dos que mais recebem.

Dessa vez, nenhum dono ou diretor de empreiteira deve estar disposto a dar uma de Cristiano Paz e Ramon Hollerbach que se deram mal no mensalão, ao quererem detonar só o PT e blindar demotucanos com quem tiveram negócios, como nos governos de Aécio, Perillo, Roriz, FHC, os contatos com comitê de Serra em 2002, os vultosos repasses da antiga Telesp, etc. Os dois publicitários acabaram condenados a 26 e 30 anos de prisão, pena maior do que muitos homicidas, enquanto os tucanos estão todos soltos.

Se os advogados das empreiteiras não conseguirem melar a operação Lava Jato igual melaram a Castelo de Areia, dificilmente deixarão os tucanos de fora desta vez, até por instinto de sobrevivência. Afinal, quando tem tucano no rolo, a mídia trata discretamente, como trata o propinão tucano nos trens, como trata a Castelo de Areia, sem pressionar o judiciário a pré-condenar (e nem mesmo a desengavetar o que está parado).

Que existe corrupção envolvendo empreiteiras, funcionários e políticos corruptos, ninguém dúvida. E que políticos corruptos existem tanto em partidos da base governista como nos de oposição também todo mundo sabe. As operações da Polícia Federal, desde que sejam tocadas com rigor de seriedade, sem direcionamento político, nem seletividade, são necessárias para depurar a administração pública, sanear a política e para enquadrar as empresas privadas a não querer levar vantagem corrompendo nem formando cartéis. No final das contas, o governo Dilma sairá fortalecido e virá o reconhecimento popular de que seu governo realmente cria estruturas institucionais para acabar com a impunidade e combater a corrupção. Inclusive fortalece a campanha pela reforma política e pelo fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

Nesta fase da Operação Lava Jato, foi pouco destacado, mas a Receita Federal também participou. Isso porque dinheiro pago simulando serviços ou fornecimento inexistente é uma forma de sonegação ao abater do lucro despesas que não existem. Logo, a Receita Federal vai autuar, cobrar o imposto, multa, e juros das empreiteiras e empresas que tiverem feito isso. Fala-se em R$ 1 bilhão de impostos recuperados. Ponto para o governo Dilma.
*osamigosdopresidentelula

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