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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 16, 2014

'Investigações na Petrobras vão continuar doam a quem doer', diz Cardoso

Ministro da Justiça ressaltou recebeu de Dilma Roussef a determinação de que todos os atos ilícitos sejam apurados e de que a Polícia Federal está cumprindo o seu papel
CC / ELZA FIÚZA / ABR
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José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça: 'Dilma mandou PF investigar até o fim'
Brasília – Um dia após a deflagração da sétima fase da Operação Lava Jato, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse ontem (15), em entrevista na sede da Presidência da República em São Paulo que, após informar a presidenta Dilma sobre o andamento das investigações das denúncias de corrupção envolvendo a estatal e empreiteiras, recebeu dela a determinação de que os trabalhos da Polícia Federal prossigam até o final.
Cardozo disse que as investigações atingem também políticos de partidos de oposição ao governo e que, independentemente do partido, "vão continuar doa a quem doer",. "Essas acusações contra políticos, sejam da base aliada ou da oposição, têm de ser apuradas. Se as pessoas estão envolvidas, precisam ser punidas".
"A presidenta Dilma está ciente das investigações. No momento em que pude ter acesso aos dados, por força do sigilo, eu repassei a ela e ela transmitiu o que estou dizendo: peça à Polícia Federal que prossiga com firmeza na apuração das irregularidades e que proceda com lisura e imparcialidade nas investigações e zele para que tudo seja esclarecido', afirmou.
De acordo com ele, a determinação do governo federal é de que "tudo precisa ser investigado, pouco importando cor político-partidária". Dilma Rousseff está na Austrália, onde participa da cúpula do G-20.
Cardozo ressaltou ainda que a Polícia Federal está cumprindo o seu papel e que o governo não aceitará, em qualquer momento, "insinuações de que se criaram obstáculos" para a investigação. Ele frisou que o governo federal quer que todos os atos ilícitos sejam apurados e o responsáveis punidos. Segundo acrescentou, "tudo será analisado cuidadosamente".

Terceiro turno

Sem citar nomes, Cardozo criticou parlamentares e partidos que fazem uso político da operação. "Há aqueles que ainda acham que estamos em uma disputa eleitoral, mas, talvez, não tenham percebido que o resultado das urnas já foi dado e que há vencedores."
"Repilo veementemente a tentativa de se politizar essa operação", reagiu o titular do Ministério da Justiça. Indagado se estava se referindo a algum político em particular, o ministro respondeu que se referia "a qualquer pessoa que esteja tentando transformar isso em palanque, tentando manter o clima eleitoral."

Em atividade

O ministro reafirmou que a Petrobras "não pode e não vai parar", apesar das denúncias de corrupção que envolvem a empresa. "Se por um lado as investigações têm de prosseguir, de outro lado, a Petrobras não pode parar", disse o ministro.
Ele adiantou que conversará com a presidenta da empresa, Graça Foster, para que "se tenha clareza" sobre a forma como o governo atuará com relação aos contratos firmados entre a Petrobras e as empresas envolvidas na investigação de corrupção. "A Petrobras não parará, continuará atuando e a lei será respeitada. A melhor defesa que precisamos fazer da Petrobras, que é uma empresa vital para o país, é investigar os fatos, apurar as ocorrências e punir pessoas."

Operação

Durante a entrevista, o ministro atualizou as informações sobre a Operação Lava Jato. Segundo ele, 49 mandados de busca e apreensão, determinados pela Justiça, foram executados sem nenhum incidente. Das nove conduções coercitivas determinadas pela Justiça, seis foram cumpridas e outras três estão pendentes de cumprimento.
O balanço apresentado informa ainda, que dos seis mandados de prisão preventiva, quatro foram cumpridos. Além disso, dos 19 mandados de prisão temporária expedidos, 15 foram executados, ou seja. "Os que ainda não foram localizados para a execução dos mandados de prisão são considerados foragidos", disse o ministro.
Por força da operação, já foram bloqueados R$ 720 milhões em pagamentos, proporcionais ao valor dos contratos firmados com as empresas envolvidas nas denúncias.
Com reportagem da Agência Brasil
*RBA

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