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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 08, 2014

Em editorial, Globo disse que porto cubano é bom negócio para o Brasil





Trechos de um editorial do Globo sobre o porto Mariel, um dos temas mais usados por Aécio em sua campanha:
“A reconstrução do porto se tornou boa oportunidade de negócio para empresas brasileiras.
Cuba não conta com variedade significante de matérias-primas e nem é um país industrializado. Mas tem uma posição geográfica privilegiada, que, no futuro será de grande importância. Mariel é o porto caribenho mais próximo da Flórida e se encontra a apenas 45 quilômetros de Havana, capital de Cuba, que concentra mais de 20% da população do país.
O investimento no porto é de quase US$ 1 bilhão e só faz sentido porque em torno dele surgirá uma zona econômica especial, voltada basicamente para exportações. O Brasil tem uma participação ainda pouco significativa nos mercados caribenho e da América Central.
Mariel é um caminho para que empresas brasileiras se instalem nessa zona econômica especial e processem produtos destinados a esses mercados, especialmente os de alta tecnologia, que utilizarão muitos insumos inexistentes em Cuba.
As obras no porto são basicamente financiadas pelo BNDES. Do orçamento inicial de US$ 957 milhões, US$ 802 milhões foram financiados pelo Brasil. No entanto, desse valor, o equivalente a US$ 800 milhões foram gastos na contratação de serviços e de equipamentos produzidos no Brasil, o que gerou cerca de 20 mil empregos no país, sem contar com os postos de trabalho criados em Cuba.
A modernização e ampliação de Mariel estão ocorrendo conforme o previsto, o que levou o Brasil a negociar a liberação de mais um financiamento de US$ 200 milhões para Cuba.
O porto responde pela maior parte do total de financiamentos (US$ 1,6 bilhão) concedidos pelo Brasil a Cuba. A pergunta é se não há risco de calote. Mesmo com todos seus problemas, Cuba permanece em dia com o Brasil, e no caso específico de Mariel, houve a preocupação de vincular os pagamentos diretamente às receitas obtidas pelo porto.
*DCM

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