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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 27, 2014

Vídeo mostra ação de policial que matou menino em Cleveland


O policial que atirou no sábado passado em um menino negro de 12 anos que estava com uma arma de brinquedo em uma área da cidade de Cleveland tomou a decisão segundos depois de chegar ao local, segundo o vídeo de uma câmera de vigilância.
O fato aumentou as críticas às técnicas utilizadas pela polícia dos Estados Unidos, em meio aos distúrbios provocados pela decisão de um júri de libertar um policial branco que matou um jovem negro desarmado em agosto na cidade de Ferguson, estado de Missouri.

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Tamir Rice faleceu no domingo em um hospital de Cleveland, Ohio. Um dia antes, dois policiais que atenderam a um chamado de emergência balearam a criança em um parque.
O vídeo mostra o menino caminhando por uma calçada e brincando com a pistola, depois apontando para um pedestre com o objeto e mais tarde sentado em uma área do parque.
Uma viatura estaciona perto da criança e um policial sai do lado do carona com uma arma. Ele atira imediatamente em Rice, enquanto o menino caminha para o carro.
Apesar da curta duração do incidente, policiais de Cleveland afirmaram que Rice ignorou as ordens de levantar os braços e que parecia que pretendia pegar algo da cintura antes de ser atingido.
"Ele recebeu a ordem para levantar as mãos três vezes", disse o subchefe de polícia Edward Tomba.
A polícia de Cleveland também divulgou o áudio de uma ligação para o serviço 911, na qual um homem afirma que uma pessoa, provavelmente menor de idade, estava com uma pistola que ele suspeitava ser de brinquedo.
"Há um garoto com uma pistola (...). Provavelmente é falsa, mas está apontando para todos", afirmou o homem. Mas a central não informou aos policiais que a pistola provavelmente era de brinquedo, nem que o suspeito era menor.
A polícia de Cleveland identificou o policial que matou Rice como Timothy Loehman, branco de 26 anos. Loehman, que está na polícia desde março, e o outro agente que dirigia a viatura estão suspensos durante a investigação. Os dois policiais foram interrogados, mas suas declarações não serão divulgadas, segundo Tomba.

*Yahoo

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