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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 16, 2015

Unasul pede que Obama revogue decreto que declara Venezuela ameaça à segurança dos EUA

Chanceleres dos 12 países que integram o bloco ressaltaram que EUA devem adotar “alternativas de diálogo”; Maduro disse que resolução “mudará o mundo”
Os 12 países que integram a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) foram unânimes ao aprovar, na noite deste sábado (14/03), uma resolução pedindo que os Estados Unidos revoguem o decreto que declara uma "emergência nacional diante da ameaça extraordinária" que a Venezuela representaria para a segurança do país.
Durante a reunião extraordinária do bloco, os chanceleres presentes pediram que os EUA coloquem em prática “alternativas de diálogo com o governo venezuelano”. Para o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, posicionamento da Unasul “mudará o mundo”. De acordo com ele, começa a nascer "a doutrina de paz da América do Sul".
Agência Efe

Reunião ocorreu a portas fechadas a pedido de Ernesto Samper
Reunidos em Quito, Equador, chanceleres dos países que integram o bloco tomaram conhecimento do relatório feito pela equipe que esteve na Venezuela no último dia 6 parafavorecer o diálogo entre o governo e a oposição do país.
Os chanceleres ressaltaram que seguirão “acompanhando o diálogo político com todas as forças democráticas venezuelanas” e voltaram a manifestar apoio à realização das eleições parlamentares que ocorrerão em setembro que serão acompanhadas pelo grupo em todo o seu processo.
"Os Estados-membros da Unasul expressam que a situação interna na Venezuela deve ser resolvida pelos mecanismos democráticos previstos na Constituição venezuelana", diz o documento tornado público ontem, após reunião realizada a portas fechadas para a imprensa a pedido do secretário-geral do bloco, Ernesto Samper.
Além disso, os ministros das Relações Exteriores lembraram o "compromisso com a plena vigência do direito internacional, a solução pacífica de controvérsias e o princípio de não-intervenção”, e reiteram seu pedido para que “os governos se abstenham da aplicação de medidas coercitivas unilaterais que transgridam o direito internacional".

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Ao anunciar o início dos trabalhos, Samper ressaltou que o organismo integracionista tem como princípios a paz, democracia e defesa dos direitos humanos: "esses são os três princípios ao redor dos quais nos baseamos e vamos continuar fazendo o mesmo aqui na Unasul", disse.
Participaram os chanceleres dos 12 países que formam o bloco: Argentina, Héctor Timerman; Bolívia, David Choquehuanca; Brasil, Mauro Vieira; Colômbia, María Ángela Holguín; Equador, Ricardo Patiño; Guiana, Carolyn Rodrigues-Birkett, Peru, Gonzalo Gutiérrez; Suriname, Winston Lackin; Uruguai, Rodolfo Nin Novoa; Venezuela, Delcy Rodríguez; Paraguai, Eladio Loizaga, e Chile, Heraldo Muñoz.
A mandatária argentina Cristina Kirchner postou uma foto da reunião em sua conta no Facebook:
Repercussão
A chanceler do país, Delcy Rodríguez, reafirmou a importância do posicionamento da Unasul e ressaltou que “um possível bloqueio econômico, comercial contra a Venezuela castigaria a solidariedade internacional, nosso organismo de cooperação e de intercâmbio complementar”.
Já o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que “está nascendo, com as resoluções tomadas pela Unasul, a doutrina de paz da América do Sul; está surgindo uma nova doutrina de diplomacia de paz, a doutrina Unasul, e não tenho dúvidas que vai mudar o mundo; vai mudá-lo", acrescentou.
Maduro também qualificou de "bem-sucedido arranque" os exercícios cívico-militares que ordenou após saber do decreto de Obama que teve a participação de 100 mil venezuelanos. Ele ainda anunciou que os exercícios serão mantidos até 28 de março.
*OperaMundi

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