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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 30, 2015

Restaurar o status de Estado a países como Líbia e Síria, que o perderam em consequência de seus conflitos, é uma das chaves para solucionar a questão do grande número de refugiados deixando essas regiões.

O presidente russo, Vladimir Putin, discursa na 70ª Assembleia Geral da ONU

Em 10 frases, o discurso de Putin na ONU

© REUTERS/ Mike Segar

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, protagonizou um esperado discurso na 70ª Assembleia Geral da ONU, nesta segunda-feira, quando esclareceu as posições tomadas por seu país. Leia um resumo do que ele disse.

Putin não surpreendeu em seu discurso, apesar do que vem sendo relatado recentemente como uma escalada na tensão após seu envio de ajuda à Síria e o compartilhamento de informações relacionadas à luta contra o Estado Islâmico. O pronunciamento do líder russo, contudo, contrastou fortemente com o discurso do presidente dos EUA, Barack Obama, que tenta impor sua ideologia e pede o fim do governo de alguns líderes de estados soberanos.


1. A ONU: onde o mundo trabalha pelo comprometimento

Putin classificou a visão da Rússia sobre ONU como um órgão que os países têm como referência para comprometimento, e não como um órgão que serve para autenticar certa decisão "necessária". Enquanto isso, outros estados (Putin faz referência aos EUA) veem essa estrutura como um obstáculo.

"Durante a fundação da ONU, não se presumia que o consenso reinaria aqui. O objetivo da organização, em essência, consiste em encontrar e trabalhar por compromissos, e sua força está em considerar diferentes pontos de vista."

2. O pós-Guerra Fria

Putin alertou que enquanto a ONU precisa mudar, alterar sua legitimidade seria extremamente perigoso.

"Seria um mundo onde em vez de trabalho de equipe, o egoísmo ditará regras. Será um mundo em que há mais ordens e menos igualdade, menos democracia e liberdade, um mundo onde em vez de estados verdadeiramente independentes, os protetorados e territórios controlados de longe se multiplicarão."

3. Somos todos diferentes, e isso deve ser respeitado

"Ninguém precisa se ajustar a um modelo de desenvolvimento reconhecido por alguém como único e eterno."

Putin trouxe à tona o exemplo da União Soviética, que também usou motivações ideológicas para exportar experiências sociais, comentando que "parece que ninguém aprende com os erros dos outros, mas só repete esses erros."

4. "Vocês percebem o que fizeram?"

Foi uma das frases de Putin mais marcantes durante todo o discurso, no qual os EUA nunca são citados por nome. O líder russo refere-se ao país como "único centro de domínio" do pós-Guerra Fria e alerta os EUA sobre as consequências de suas decisões.

"Temo que a questão ficará no ar porque a política que tem em sua base a convicção em seu próprio excepcionalismo e a impunidade ainda não foi abandonada."

5. Um vácuo de poder para o extremismo

"Já está evidente que o vácuo de poder que houve em um número de países do Oriente Médio e no norte da África levou à criação de zonas de anarquia, que foram imediatamente preenchidas por extremistas."

Putin também reforçou que o Estado Islâmico não apareceu do nada e afirmou que o grupo foi inicialmente incentivado como arma contra regimes seculares indesejados.

6. Uma coalizão

Putin pediu uma ampla coalizão contra o terrorismo, algo que ele tenta implementar desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2011, nos Estados Unidos. Na época, o líder russo sugeriu a ideia ao então presidente americano, George W. Bush.

"Estamos sugerindo não sermos guiados por ambição, mas por valores e interesses mútuos. Unir nossos esforços baseados na lei internacional e solucionar as questões que estamos enfrentando, e criar uma coalizão verdadeiramente ampla e internacional contra o terrorismo."

Putin também disse que países muçulmanos devem se tornar participantes-chave da coalizão e convocou líderes religiosos muçulmanos a usarem sua autoridade para evitar o recrutamento de novos combatentes por parte de extremistas.

7. Restaurar Estados

Putin disse também que restaurar o status de Estado a países como Líbia e Síria, que o perderam em consequência de seus conflitos, é uma das chaves para solucionar a questão do grande número de refugiados deixando essas regiões.

"Os refugiados precisa de apoio e compaixão, mas esta questão só pode ser resolvida radicalmente onde for restaurado o status de Estado."

8. Solução para a questão da Ucrânia

Putin declarou que a Ucrânia, como outros países pós-soviéticos, foi forçada a escolher entre o Ocidente e o Oriente, o que levou o país à guerra civil após o golpe de 2014. O presidente russo classificou a implementação dos Acordos de Minsk como a única maneira de resolver a questão.

"É impossível garantir a integridade da Ucrânia por meio de ameaças ou força, mas isso precisa ser feito. É necessária uma consideração verdadeira dos interesses e direitos do povo em Donbass. É preciso respeitar sua escolha e coordenar com eles elementos-chave do sistema político do estado, conforme estipulado pelos Acordos de Minsk."

9. TPP e TTIP

Putin criticou a criação de blocos exclusivos de comércio e afirmou que eles vão de encontro à ideia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e aos princípios de livre comércio, assim como o uso de sanções econômicas politizadas para que sejam alcançados os próprios objetivos de alguns países.

"Talvez queiram nos colocar diante do fato de que as regras do jogo foram reescritas, e reescritas a favor de um pequeno círculo de escolhidos, sem a participação da OMC. Isto pode levar a um completo desequilíbrio do sistema de comércio, à fragmentação do espaço econômico global."

10. A mudança climática

Putin também pediu novas abordagens para resolver a questão climática, tais como a introdução de novas tecnologias que não só não prejudiquem o meio-ambiente, mas que existam em harmonia com ele. Putin também ressaltou o esforço da Rússia nessa área.

"Dentro dos moldes de nossa contribuição nacional, até 2030 estamos planejando cortar nossa emissão de gases  em 70-75% em comparação com os níveis de 1990."


Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20150928/2260977/putin-onu-discurso-10-dez-frases.html#ixzz3nBfA6OIx

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