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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 28, 2010

Ótima entrevista. Mercadante tem esse poder: ser lúcido.







Moacyr Lopes Junior/FolhapressMercadante_Sabatina
Em sabatina, Mercadante critica pedágios em SP e não poupa elogios ao governo Lula



O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, em sabatina promovida pela Folha e pelo UOL, seguiu a linha de desfiar diversas críticas ao governo estadual do PSDB e colar no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar alavancar sua candidatura em São Paulo.

A frase “tá mudando com Lula, vai mudar com Mercadante”, que ele vem utilizando durante a campanha, por exemplo, foi proferida pelo senador por várias vezes durante o evento.

Sobre o governo estadual, Mercadante insinou que o governo estadual tucano não deixa CPIs serem instaladas na Assembleia Legislativa para apurar denúncias.

“Na CPI dos Bingos, a única coisa que não queriam investigar eram os bingos. Era um palanque político de ataque ao governo. Só que no nosso governo, as CPIs foram instaladas. Aqui em São Paulo tem 95 CPIs engavetadas.”

O petista também acusou o governo de São Paulo de se recusar a trabalhar em parceria com a União: “Vocês sabiam que o governo do Estado não participa do médico da família? Não dá um real”.

O candidato do PT explicou porque voltou atrás na decisão, anunciada em seu Twitter em 2009, de que deixaria a liderança do Senado “em caráter irrevogável”. “Fiquei para ajudar o Brasil a seguir o caminho.”

A respeito de outra polêmica, a de que o candidato ao Senado em sua chapa Netinho de Paula (PC do B) teria agredido uma mulher, Mercadante emendou: “Ele cometeu um erro. Tem gente que cometeu crimes muito graves. Ele cometeu um erro”.

O petista deu a linha de sua defesa no caso do dossiê dos aloprados, de 2006, que deve ser usado contra ele na campanha.

“Não tive nenhum envolvimento. É uma coisa juridicamente inexplicável. O procurador-geral da República disse: ‘Não existe nenhum indício de participação do Mercadante’”, afirmou, citando decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que excluiu seu nome dos autos. “O episódio está definitivamente superado.”

Sobre a omissão da derrota na eleição de 2006 na biografia publicada em seu site de campanha, o candidato disse: “No currículo breve você não coloca o que você quis ser e não foi”.

Mercadante afirmou que vai usar o programa federal de habitação “Minha Casa Minha Vida” para revitalizar o centro de São Paulo com o objetivo de usar o programa para financiar imóveis ociosos na região.

PEDÁGIOS

O candidato do PT criticou os pedágios no Estado e não poupou elogios ao governo Lula.

O petista disse que o PSDB criou um pedágio a cada 40 dias, e que vai renegociar os valores dos contratos. “Hoje nós podemos prorrogar os contratos reduzindo as tarifas.”

Questionado sobre a hegemonia do PSDB no Estado, o petista argumentou que há um cansaço da população, que o governo tucano não concluiu metas de transporte, e fechou falando sobre o governo Lula.

“A população está satisfeita com o governo Lula. Tem um sentimento de mudança forte no Estado”, afirmou. “Esse argumento, de as pessoas terem vivido a experiência do governo Lula, acho que pode nos ajudar muito nessa eleição”, reiterou.

O início da sabatina deixou clara a estratégia de Mercadante de colar sua imagem à de Lula. “Agora, a melhoria na qualidades das estradas federais no governo Lula foi espetacular.”

Questionado sobre como, sem nunca ter atuado no Executivo, terá um bom desempenho, Mercadante disse que foi convidado para ser ministro da Fazenda, e que falta de experiência também era argumento contra Lula antes de ele se eleger.

EDUCAÇÃO

Mercadante também criticou a gestão do ensino público no Estado. “A pior privatização, foi a privatização da qualidade do ensino público.”

Segundo ele, São Paulo paga os piores salários para os professores. “A escola que não avalia não ensina”, afirmou.

O petista disse que vai acabar com o sistema de aprovação automática. “Não é pra reprovar, gente. Avaliar não é para reprovar”, afirmou, explicando a defesa do fim da aprovação automática. “O que acontece na aprovação automática? Você finge que não reprovou, mas a vida vai reprovar. O que não sabe, tem que aprender.”

Mercadante ressaltou que quer ser avaliado pelas notas que os alunos da rede pública de São Paulo vão tirar, e disse que vai submeter professores a avaliações. “Evidente que professor vai passar por avaliação.”

Ele prometeu ainda fazer convênios com lan houses para estimular a inclusão digital, e alfinetou seu adversário tucano na disputa, Geraldo Alckmin. “Depois vocês não sabem porque o candidato não sai nas ruas.”

A Folha publicou hoje reportagem sobre o recolhimento do tucano, que lidera as pesquisas de opinião.

SABATINAS

A Folha e o portal UOL realizaram hoje a segunda das sabatinas que farão com os candidatos ao governo de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas eleitorais.

Ontem, a sabatina foi com Celso Russomanno, e na quinta-feira, será a vez Geraldo Alckmin (PSDB).

Para esses eventos, o leitor pode enviar, pelo site de eleições da Folha.com, seus vídeos e e-mails com perguntas a serem respondidas pelos candidatos nas sabatinas.

Uma página (que pode ser acessada em uol.com/sabatinasp ou em folha.com.br/poder) exibirá as contribuições enviadas pela rede, que devem ter até 20 segundos. Os eventos acontecem às 11h, no Teatro Folha (av. Higienópolis, 618, São Paulo).

A ordem em que os políticos serão sabatinados foi decidida em reunião, na Folha, com a presença de representantes das campanhas.

CRITÉRIO

O critério utilizado foi a colocação em pesquisa de intenção de votos feita pelo Datafolha. Assim, o mais bem posicionado nas pesquisas é o último a ser sabatinado.

Os candidatos são sabatinados por Fernando Canzian, repórter especial da Folha, Mônica Bergamo, colunista da Folha, Denise Chiarato, editora de Cotidiano, e Irineu Machado, editor-executivo do UOL Notícias.

Durante duas horas, os candidatos respondem a perguntas dos entrevistadores, da plateia –em questões feitas por escrito– e de internautas, exibidas em vídeo. Folha e UOL farão um debate com os candidatos ao governo de São Paulo no dia 17 de agosto.

No dia seguinte, a Folha e o UOL promoverão um debate com os presidenciáveis José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), conforme documento assinado por representantes das três campanhas na sede do jornal.

Na televisão, a Folha, em parceria com a Rede TV!, promoverá um debate presidencial em 12 de setembro. Se houver segundo turno das eleições, um novo programa irá ao ar no dia 17 de outubro.


Íntegra da sabatina com o candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante.

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