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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 29, 2010

SS erra tá manjado 2






PSDB de São Paulo quer privatizar TV Cultura, acusa sindicato

Sinônimo de programação de qualidade e premiada em festivais internacionais, a TV Cultura de São Paulo passa por um processo mascarado de privatização. A “venda” gradual da emissora, iniciada na administração do ex-governador Geraldo Alckmin, foi mantida e aprofundada na gestão do atual candidato à presidência, José Serra.

Conforme denuncia o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo em nota de desagravo público, o governo tucano pretende “alterar” a função e o papel social da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da rádio e TV Cultura. O mais recente exemplo da mutação da TV educativa para uma emissora com caráter comercial está na nomeação do economista e ex-secretário estadual da Cultura, João Sayad, para a presidência da Fundação José Anchieta. A indicação partiu diretamente de Serra.

“No momento em que o Brasil busca construir uma rede pública de comunicação de qualidade, o governo de São Paulo acena com a nomeação de alguém sem qualquer vínculo com a área, cuja missão parece ser dar uma nova cara administrativa à Fundação. Há algum tempo, já observamos que a marca de qualidade da programação vem sendo desconstruída, especialmente no jornalismo”, afirma o presidente do sindicato, José Augusto de Camargo, o Guto.

Pergunta que eu demito

Guto cita casos recentes para ilustrar essa desconstrução. “O Roda Viva — que era uma referência nacional no debate político em rede nacional — sofreu um grave ataque com a demissão mal explicada do Heródoto Barbeiro. Também não entendemos o afastamento do Gabriel Priolli (ex-diretor de jornalismo da Cultura) e o fato do jornalista Paulo Markun (ex-presidente da Fundação Padre Anchieta) não ter tido apoio do governo para continuar a gestão”, acrescenta.

Barbeiro era o apresentador do Roda Viva e foi afastado após perguntar para Serra, durante o programa Roda Viva, se levaria para todo o Brasil “pedágios tão caros como são cobrados no estado de São Paulo”. Priolli também perdeu o cargo depois de planejar uma matéria sobre o mesmo tema. Já Markun parece ter sido vítima da necessidade de aprofundar a mudança de direção da emissora.

OSs na linha de frente

Segundo o dirigente, há a intenção de passar a gestão da fundação para Organizações Sociais (OSs) — entidades não governamentais ligadas a grandes grupos comerciais que recebem do estado para administrar equipamentos públicos e fazer o papel que caberia a quem foi eleito. No caso da saúde, onde estão muito presentes em hospitais e laboratórios, um dos problemas da atuação das OSs é a definição de quantos e quais atendimentos irão ocorrer.

Caso aconteça um surto ou uma epidemia como a gripe H1N1, por exemplo, o estado precisa fazer um novo contrato com mais recursos para cobrir o que não estava previsto no acordo inicial. Além disso, por serem empresas privadas não estão sujeitas ao controle social por meio de um conselho gestor e, principalmente, não tem como princípio fundamental suprir as necessidades da população.

Cheiro de privatização

Ainda na nota, o Sindicato dos Jornalistas aponta demissões e o clima de “coação, pressão, assédio moral e incerteza” que ronda o processo de mudança. Trata também de irregularidades como a existência de jornalistas que mantém vínculo empregatício, mas trabalham como PJs (pessoas jurídicos), emitindo notas fiscais, algo que é considerado fraude pela legislação trabalhista.

A nota afirma que a entidade adotará “medidas necessárias para garantir os direitos trabalhistas e o ambiente de trabalho saudável, inclusive junto a SRT (Superintendência Regional do Trabalho)” e que questionará a dispensa dos profissionais no período eleitoral.

Histórico privatista

Desde 1995, o governo do PSDB em São Paulo vendeu, entre outras empresas, a CPFL, a Eletropaulo e a Comgás. Para a administração federal passaram Fepasa, Ceagesp e Banespa. Os tucanos venderam ainda as rodovias como Anhanguera, Bandeirantes, Imigrantes, Anchieta, Raposo Tavares e Castelo Branco. Como resultado da concessão — que leva em conta o valor a ser pago pela concessionária e não o valor da tarifa a ser cobrada do usuário —, São Paulo possui os pedágios mais caros do mundo.

Fonte: Portal da CUT

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