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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 31, 2010

Ayres Britto autoriza usar
frase em Encontro de Blogueiros

Ayres Britto: "A liberdade da internet é ainda maior que a liberdade de imprensa”

O Conversa Afiada reproduz e-mail que Conceição Lemes, organizadora do Primeiro Encontro de Blogueiros Progresistas, recebeu da chefe de gabinete do Ministro Ayres Britto , do Supremo Tribunal Federal:

“A chefe de gabinete substituta telefonou no final da tarde. O ministro realmente não poderá vir. Desejou sucesso. Ficou feliz ao saber que gostaríamos de usar a frase dele como lema do encontro. Ele corrigiu-a. Podemos usar apenas a primeira parte (sugestão do PH na última reunião, pintei em amarelo). Sem problema. Mas ele complementou-a.

Achei legal, simbólico, o ministro Ayres Britto ter autorizado.”

abs

Conceição Lemes

De: Gabinete do Sr. Ministro AYRES BRITTO
Para: Sra. Conceição Lemes

Prezada Sra.,
Conforme solicitação, encaminho frase revisada pelo Sr. Ministro AYRES BRITTO:
“A liberdade da internet é ainda maior que a liberdade de imprensa, na medida em que a imprensa compreensiva do rádio e da televisão se define como serviço público sob regime de concessão ou permissão, ao passo que a internet se define como instância de comunicação inteiramente privada.”
Atenciosamente,
Ederlúcia Mendes de Oliveira Prado
Chefe de Gabinete-Substituta

Em tempo: como diria o Chacrinha, “alô, alô, Gilmar Mendes !”. Clique aqui para ler “Presidente do Supremo perde na Justiça; o que isso significa”.

Paulo Henrique Amorim

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