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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 24, 2010


SERRA QUER OCUPAR A VAGA DE URIBE NA AMÉRICA LATINA: ELEITORADO OUVIDO PELA VOX POPULI REJEITA PROJETO BELICOSO-UDENISTA PARA O BRASIL. JÁ NO PAÍS DO DATAFOLHA, HÁ EMPATE

matéria no IG, de hoje, lista algumas diferenças de método que ajudam a entender a 'singularidade' dos resultados do Datafolha frente aos números dos demais institutos de pesquisa. Uma das principais está na seleção dos entrevistados. O Datafolha faz a abordagem nas ruas por entender que não há como ter acesso completo a residências em determinados locais, como edifícios de luxo, por exemplo, ou favelas. Também não incorpora a população rural. Ou seja, sua amostra rebaixa um recorte decisivo de representatividade que é o local de moradia. Outro viés rebaixador está em não considerar o perfil escolar e a renda familiar dos entrevistados. Grosso modo, é como se no Brasil do Datafolha moradores ricos do bairro de Higienópolis, em SP, ouvidos na rua, tivessem o mesmo peso censitário que moradores da favela de Heliópolis, em trânsito coincidente naquele momento. É desse manejo estatístico que nasce um país onde o projeto belicoso-udenista de Serra & Indio da Costa tem aceitação equivalente ao da candidatura Dilma Rousseff, apoiada por um Presidente da República cuja política social de desenvolvimento resulta na maior taxa de aprovação da história brasileira. Ressalve-se, de qualquer forma, que 24% dos eleitores, segundo o próprio Datafolha, [18% no Vox Populi] ainda não sabem que Dilma é a candidata do Presidente Lula --vínculo que o horário eleitoral cuidará de esclarecer definitivamente.
(Carta Maior; 24-07)

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