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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 04, 2010

Os paulistanos merecem?!?

Em SP, Kassab defende aumento de 95% em seu salário

Os paulistanos merecem

 



 

Salários de secretários podem subir de R$ 5.504 para R$ 21.705 

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), defendeu nesta quarta-feira (3), aumento em seu salário e no de secretários municipais da capital paulista. "É uma questão de reajustar a prefeitura à realidade", afirmou o prefeito. A declaração foi feita durante anúncio da operação da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para o GP Brasil de Fórmula 1. Para Kassab, com salários melhores, a equipe de secretários poderá gerir melhor o orçamento destinado às ações públicas da cidade.
Os vereadores de São Paulo discutem o projeto de lei nº 712/09, de autoria da Mesa Diretora da Casa, que prevê aumentar o subsídio mensal do prefeito, vice-prefeita e secretários municipais. Se o reajuste for aprovado pelo Legislativo, a remuneração de Kassab passaria de R$ 12.384 para R$ 24.117, reajuste de 95%, e a dos secretários de R$ 5.504 para R$ 21.705, o equivalente a 283% de aumento. O projeto já foi apresentado em 2009, mas não tramitou. À época, prefeitura e Câmara dos Vereadores tinham de lidar com a impopularidade da aprovação da correção da tabela do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Nesta quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa emitiu parecer de legalidade ao projeto.  “A Mesa Diretora tem obrigação constitucional de estabelecer esse teto para que, a partir deste valor, nenhum funcionário possa receber mais”, informou o vereador Celso Jatene (PTB), durante a sessão. O vereador Gilberto Natalini (PSDB), membro da CCJ, declarou que seu voto é estritamente em relação à legalidade do projeto. “A bancada do PSDB ainda não decidiu quanto ao mérito”, afirmou.

João Antonio, líder do PT na Câmara, também votou pela legalidade do projeto, mas garantiu que é absolutamente contrário ao mérito da propositura. “É um aumento inoportuno”, justificou.
 
*cappacete

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