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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 01, 2012

Absurdos exigidos pela FIFA para Copa 2014

Se não for nesta semana, como parece que não será, na próxima a Câmara dos Deputados estará votando a chamada Lei da Copa, regulamentando princípios para a perfeita realização de maior certame mundial  de futebol, em 2014. Perfeita? Nem pensar, do jeito que as coisas vão, porque para conquistar a designação do Brasil para a Copa, o então presidente Lula fez concessões absurdas à Fifa, comprometendo-se a aceitar exigências que contrariavam nossa legislação e até artigos da Constituição.
                                                       
 “Depois da festa dos cravos há que esperar  a conta do florista” – dizia o cômico Raul Solnado em seguida à revolução que derrubou a ditadura em Portugal. Aqui, do outro lado do Atlântico, é a mesma coisa. A Fifa impôs e constam do projeto agora em discussão abusivas disposições, como o fim da meia entrada para estudantes, nos estádios onde se realizarão os jogos; a venda de apenas uma marca de cerveja nos estádios, por coincidência aquela que patrocina a entidade internacional; a proibição de propaganda de produtos esportivos, alimentos e bebidas concorrentes dos que financiam a Fifa,  nas ruas e avenidas que demandarem os estádios; compromisso do governo brasileiro de arcar com despesas decorrentes de inusitados  acontecidos nas capitais escolhidas para sediar  as partidas – e outros absurdos.
                                                       
Pois agora apareceu mais um: a Fifa exige a proibição de greves e sucedâneos nas cidades escolhidas para abrigar os jogos, alegando prejuízo de bilheteria caso se vejam paralisados os transportes coletivos, os restaurantes, a hotelaria, os funcionários dos estádios e similares.
                                                       
Convenhamos, trata-se de rasgar a Constituição brasileira, que prevê o direito de greve para todos os trabalhadores. Uma espécie de imposição nazista ou de ucasse stalinista. Uma humilhação sem paralelo em nossas relações  internacionais. Com a palavra os deputados.

escrito por Carlos Chagas
*Briguilino

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