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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 25, 2012

Alckmin titubeia e volta atrás nas aulas de reforço


Publicado em 24-Mar-2012 no blog do Zé Dirceu
A suspensão das aulas de reforço para os alunos da rede estadual de São Paulo - divulgada ontem pela Folha - deu no que falar... Após a avalanche de críticas, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) correu para desmentir a matéria e disse que ela estava errada. O tucano impostou a voz e garantiu que "continua o reforço além do horário da aula e, além disso, haverá o reforço nas salas para aqueles que precisarem". Mas...

Hoje, a Folha informa que, mesmo assim, o novo sistema não garantirá o acompanhamento para todos os alunos – nada menos do que 95% das salas do ensino médio não contarão com o segundo profissional!

O segundo profissional só estará presente em turmas com 40 ou mais alunos e, segundo o levantamento do jornal, apenas 200 colégios estão dentro deste limite, 3.600 dos 3.800 estão abaixo.

Imenso desafio dos jovens

É preciso ter em mente que nossos secundaristas têm um imenso desafio pela frente: qualificarem-se para o mercado de trabalho, cada vez mais exigente, e/ou ingressarem nas universidades, concorrendo com os candidatos egressos dos colégios particulares.

E o que diz a Secretaria de Educação do governo Alckmin sobre mais este desafio imposto aos nossos jovens?  "Nas turmas [ do Ensino Médio ] em que não houver o segundo professor, o reforço deverá ser dado pelo docente titular, durante as próprias aulas regulares". Aqui, a bomba cai no colo do professor. E vocês sabem muito bem como eles são tratados pelos sucessivos governos tucanos.

ImageAgora, vejam o caso do ensino fundamental. A Folha informa que pelo menos uma turma em 55% das escolas não contará com o assistente nas salas porque a proposta do governo é que este profissional atenda turmas de 25 alunos ou mais. Já a recuperação intensiva será dada em quatro das noves séries do fundamental para turmas de até 20 alunos (menores que a média da rede), no horário da grade escolar.

Gestão confusa

O episódio revela a tremenda desordem que caracteriza a gestão de Alckmin em São Paulo. E, pior, em um dos mais importantes setores para o desenvolvimento do nosso país. Este é o retrato de um governador que não sabe o que está fazendo ou autorizando. Sem falar na confusão entre os seus auxiliares.

Ontem, preocupado com os riscos de os jovens que cursam o Ensino Médio na rede estadual perderem as aulas de reforço, Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e candidato do PT ao pleito municipal de outubro, defendeu uma maior integração entre governo do Estado e prefeitura paulistana. "A prefeitura não pode se desonerar da responsabilidade porque o estudante não está matriculado na sua rede", argumentou o ex-ministro.

Foto: MEC
*Brasilmobilizado

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