Chico Anísio, fama feita de preconceito
Com
a morte de Chico Anísio não morrerá a modalidade de humor por ele
disseminada. Rafinha Bastos, Danilo Gentili e outros estarão aí para dar
continuidade ao legado de deboches e de escárnio às diferenças que o
humorista deixou estabelecido como padrão de riso na cultura televisiva
brasileira.
Nunca
será demais lembrar que Chico Anísio, um escroque a serviço das
Organizações Globo fez fortuna marcando as diferenças sociais em seu
País: de gênero, de raça, de nível econômico, de religião e de condições
de saúde.
Quem
não se lembra, tendo mais de 40 anos de idade, de suas imitações de
gagos, fanhosos, velhos, mulheres, nordestinos, judeus, umbandistas e
homossexuais? Gerações acostumaram-se ao riso fácil das caricaturas que
fazia dos mais fracos, reproduzindo depois essa modalidade de humor nas
escolas e ambientes de trabalho, de modo a perpetuar a discriminação que
pesava sobre os que se encontravam em oposição ao ideário de
normalidade da classe média.
Chico
Anísio não era um comediante como foi no seu tempo Oscarito, Zelloni,
Golias e Zezé de Macedo. Foi um déspota do riso que apontava no meio da
multidão o que era destinado à chacota e à humilhação.
Acomodou-se
ao regime militar e a ele serviu comandando sessões apelativas de riso
que desviavam a atenção dos rumores sobre as atrocidades cometidas pelos
algozes, que seus patrões diariamente ocultavam.
Contribuiu
para que se criasse em torno do último ditador do ciclo de governantes
da ditadura militar, João Figueiredo, uma aura de simpatia e tolerância
por meio de um quadro em que mantinha conversas intimistas com o
governante.
Afeiçoado
a bajulações dos poderosos, ainda depois da ditadura Anísio chegou ao
cúmulo de dar sustentação ao confisco da poupança praticado pelos sócios
de seus patrões, os Collor de Mello, vindo até a casar-se, em troca
disso, com uma das primas e ministra da economia do ex-presidente
Fernando Collor, Zélia Cardoso de Mello.
Viciado
em cocaína, como ele mesmo declarou um dia às TVs, Chico Anísio nunca
se recuperou da dispensa de seus serviços pela Rede Globo depois que a
emissora – para a qual muito contribuiu com o elevado faturamento de
seus programas – decidiu renovar sua imagem nos anos de 1990 apelando a
uma nova abordagem de humor, representada por grupos humorísticos
egressos do teatro.
Antes
que iniciasse a lenta agonia em direção ao destino igualitário da
morte, a Globo cedeu à mágoa do humorista e deu-lhe a chance de um breve
retorno à cena representando a idosa que fazia ligações telefônicas
para o ditador Figueiredo. Só que nesse ato de despedida, quem estava do
outro lado da linha era a mulher e ex-prisioneira política Dilma, a
quem o preconceito do humorista jamais perdoaria por haver derrotado o
estigma machista e vergar, sem os favores da Globo, a faixa de
presidente da República.
Um troco que, por felicidade, a vida dá aos homens sem caráter antes que caiam no esquecimento.
*Brasilquevai
Chebola:Não se chuta cachorro morto.,
nada é totalmente ruim nem nada é totalmente bom...
nem mesmo o texto que acabei de ler
gostei
Chebola:Não se chuta cachorro morto.,
nada é totalmente ruim nem nada é totalmente bom...
nem mesmo o texto que acabei de ler
gostei
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