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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 20, 2012

Deleite Zé Geraldo




Ou Dá ou Desce

Zé Geraldo

Hei escuta aqui você aí
Meu senhor que está sentado
do outro lado da TV
Eu vim aqui fazer minha prestação
de contas pra você
Eu me dirijo a todo povo brasileiro
Eu sou pastor por vocação
Me chamam bispo isso mesmo eu vivo é disso
Essa é a minha profissão
Tenho cadeia de hotéis no Hawai
Fazenda no Texas
Um sítio em Parati
O gado é de primeira, muito bom
Automóveis do ano
Cobertura no Leblon
Triplex na Vieira Souto
Uma casa de praia na Orla do Guarujá
Pra investir e garantir meu capital
Eu tenho na Bahia umas fazendas de cacau
Eu tenho poço de petróleo no Iraque
De araque caro irmão
Eu tenho igrejas de montão
Frequento a bolsa de valores
de São Paulo Nova Iorque
Eu tenho rede de jornal, rádio e televisão
Tenho uma verba aplicada
na Europa e na América
que é melhor deixar por lá
Pra encerrar as contas desse meu calvário
já que não tem mais jeito
eu vou falar do meu salário
O meu salário não é feito
de tostões e de mil réis
Eu vivo da bondade e doações
dos meus fiéis
Obrigado irmãos
Obrigado
Ou dá ou desce!
Aleluia!

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