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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 05, 2012

Demóstenes Torres sumiu da mídia

Nenhuma manchete na Folha ou no Estadão. Nenhum comentário no Jornal Nacional da TV Globo. Nenhuma chamada de capa na Veja. Mistério! Será que o senador Demóstenes Torres (DEMo-GO), assíduo freqüentador da mídia nativa, morreu ou encontra-se desaparecido? Como "paladino da ética", o líder dos demos não tem nada a falar sobre a Operação Monte Carlo da Polícia Federal?
Na quarta-feira passada (29), agentes da PF efetuaram a prisão de Carlos Augusto Ramos, o famoso Carlinhos Cachoeira. Um dos maiores mafiosos do país, o bicheiro explorava uma rede de caça-níqueis e de cassinos ilegais em cinco estados brasileiros. Apenas em Goiânia e Valparaíso, nas cercanias de Brasília, os seus cassinos rendiam cerca de R$ 3 milhões por mês.
As relações políticas do mafioso
Com base nos documentos apreendidos e em 200 horas de escutas telefônicas, a Operação Monte Castelo concluiu que Carlinhos Cachoeira possuía forte influência na política goiana. Ela mantinha jornalistas na sua folha de pagamento, contava com uma rede de espionagem ilegal e nomeou vários integrantes para a área de segurança (segurança!) do governo tucano de Marconi Perillo.
Além disso, os grampos autorizados pela Justiça revelaram várias conversas do mafioso com o “ético” Demóstenes Torres, líder do DEM no Senado. De acordo com as investigações, em julho do ano passado Carlinhos Cachoeira deu um generoso presente de casamento para o senador goiano: uma cozinha completa. Há indícios também de financiamento ilegal de campanhas eleitorais.
O pitbull da Veja ficou mudo
Até agora, o demo só confessou a sua relação com o bicheiro. “Sou amigo dele há anos. A Andressa, mulher dele, também é muito amiga da minha mulher”. Mas, pobre inocente, disse desconhecer suas práticas mafiosas. “Depois do escândalo Waldomiro Diniz, eu pensei que ele tivesse abandonado a contravenção, e se dedicasse apenas a negócios legais”. O demo mais nada falou e sumiu!
A mídia venal, por sua vez, parece disposta a fazer o mesmo. Quer sumir com o escândalo, abafá-lo. Até quem vivia bajulando o líder do DEM está quieto. Reinaldo Azevedo, o pitbull da Veja, já chegou a exaltar “a coragem de Demóstenes” no combate à “corrupção lulopetista” e às forças de esquerda. Num texto recente, o metralha da mídia do esgoto escreveu:
“Rigor penal contra o crime”
“Admiro a sua atuação política, como sabem os leitores deste blog. Nem sempre concordo com ele. Mas sempre lhe reconheço a argumentação consistente e corajosa... Demóstenes afirma, e eu concordo, que um dos males do país são as oposições, muitas vezes, querem se parecer com o governo. Defende, entre outras tantas, maior rigor penal contra o crime...”.
Será que Reinaldo Azevedo vai defender agora “maior rigor penal contra o crime”, a começar pela cassação do mandato do demo?
*Miro

Ligações entre Demóstenes e Cachoeira seriam para resolver questão amorosa

O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) conversaram por telefone 298 vezes entre fevereiro e agosto de 2011, como mostram as transcrições feitas pela Polícia Federal (PF) para a Operação Monte Carlo. O empresário da jogatina e o senador trocaram, em média, 1,4 ligação por dia no período. Falavam-se diariamente, até mais de uma vez por dia. Ao Correio, Demóstenes deu uma justificativa de cunho sentimental para a proximidade ao empresário — ou “professor”, conforme expressão usada pelo parlamentar para se referir ao contraventor: “A mulher do meu suplente (Wilder Pedro de Morais) o deixou e passou a viver com Cachoeira. Eu e minha mulher tivemos de resolver esse problema. Por isso houve tantas ligações e encontros”.
Os policiais federais que fizeram as transcrições das conversas telefônicas, cuja quebra de sigilo foi autorizada pela Justiça Federal de Goiás, encontraram referências aos presentes dados por Cachoeira ao senador e ao prefeito de Águas Lindas de Goiás, Geraldo Messias (PP). Demóstenes ganhou do bicheiro uma cozinha importada dos Estados Unidos, com fogão e geladeira, avaliada em US$ 27 mil (R$ 46,7 mil, pela cotação do dólar de sexta-feira). A constatação do presente aparece numa fala de Cachoeira, dizendo ao senador que enviaria a cozinha. “Minha mulher é advogada e boa cozinheira. Nos casamos em 13 de julho do ano passado, e a mulher de Cachoeira nos prometeu um bom presente”, justifica o senador. O prefeito de Águas Lindas foi agraciado com uma viagem a Las Vegas, nos Estados Unidos, conforme as transcrições feitas pela PF. Geraldo Messias confirmou ao Correio que fez a viagem, em maio de 2011, com a mulher, e disse que o hotel foi pago pelo bicheiro. “Ele não pagou a viagem, mas deu para nós a estadia. O hotel é de uma pessoa ligada a ele.”
No Correio Braziliense


Furo de reportagem: A última conversa de Demóstenes com Cachoeira

Sugestão de @GersonCarneiro

A imprensa divulgou que teria sido 298 ligações, porém @GersonCarneiro garante que houve a ligação de nº 299. Ouça...rs 

*Martiadapenhaneles

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