Deputados propõem tirar nome de ditador da ponte Rio-Niterói
Via CartaMaior
Deputado
Chico Alencar (PSOL-RJ) defende homenagem ao sociólogo Betinho, que se
notabilizou na defesa dos direitos humanos. Atualmente a obra chama-se
oficialmente ponte Presidente Costa e Silva. O sociólogo Candido
Grzybowski, atual diretor do Ibase, enfatiza a importância da alteração
do nome da ponte Rio-Niterói no contexto da instalação dos trabalhos da
Comissão da Verdade.
Da Redação
O
deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) apresentou na semana passada um
Projeto de Lei destinado a alterar o nome da ponte Rio-Niterói. O atual
homenageado é Arthur da Costa e Silva, segundo mandatário da ditadura
militar, entre 1967 e 1969. Em seu lugar, a denominação ficaria ponte
Herbert de Souza – Betinho.
Na justificativa, o
parlamentar argumenta que “esta proposta tem sua origem na solicitação
de vários movimentos de direitos humanos encaminhada aos membros da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em dezembro de
2011”.
Entre as entidades solicitantes estão o
Centro de Teatro do Oprimido, o Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça, o
Grupo Tortura Nunca Mais-RJ, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais
e Econômicas (Ibase), o Instituto de Defensores de Direitos Humanos
(IDDH), o Instituto de Estudos e Religião (Iser), o Instituto Frei Tito
de Alencar, a Justiça Global e a Rede de Comunidades e Movimentos contra
a Violência.
A proposta alinha-se com um dos
tópicos do terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). O
documento prevê que não mais sejam dados a logradouros públicos nomes de
indivíduos que notadamente tenham cometido crimes e perpetrado
violações dos direitos humanos no período da ditadura (1964-85).
Momentos sombrios
Segundo
Alencar, é “inaceitável que a popularmente chamada Ponte Rio-Niterói
seja oficialmente denominada ponte Presidente Costa e Silva, em
homenagem a um chefe de Estado que foi um dos artífices do golpe
militar, responsável por momentos dos mais sombrios da história
brasileira como o que se inicia com a edição do famigerado Ato
Institucional nº 5 (AI-5)”.
O sociólogo Candido
Grzybowski, atual diretor do Ibase, enfatiza a importância da alteração
do nome da ponte Rio-Niterói no contexto da instalação da Comissão da
Verdade. Seria mais uma forma de “passar a limpo muitos aspectos da
nossa história recente, sem revanchismos, mas com senso de justiça e de
verdade conosco mesmos, nossos filhos e netos”.
Betinho
(1935-1997) foi sociólogo, militante político e teve uma longa
militância em defesa dos direitos humanos. Após mais de uma década
exilado, este mineiro de Bocaiuva retornou ao Brasil em 1979. Aqui criou
o Ibase, em 1981 e liderou o lançamento da Ação da Cidadania contra a
Fome, a Miséria e pela Vida em 1993. Além disso, destacou-se na luta
contra a discriminação aos portadores do vírus do HIV.
O
Projeto de Lei também é assinado pelos deputados Alexandro Molon
(PT-RJ), Domingos Dutra (PT-MA), Erika Kokay (PT-DF), Ivan Valente
(PSOL-SP), Janete Capiberibe (PSB-AP), Janete Pietá (PT-SP), Jean Wyllys
(PSOL-RJ) e Luiz Couto (PT-PB), Luiza Erundina (PSB-SP) e Padre Ton
(PT-RO).
*GilsonSampaio
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