Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 18, 2012

Em Sete anos Prefeitura de S.Paulo aumenta gastos com publicidade 11 vezes

 

KassabOs gastos da prefeitura da capital paulista com publicidade cresceram nos últimos sete anos em ritmo muito maior que o Orçamento do município. Enquanto os investimentos na imagem do governo aumentaram 11 vezes ou 1.114,34%, o Orçamento da cidade cresceu  cerca de 150%, ou uma vez e meia. Levantamento realizado pela liderança do PT na Câmara Municipal aponta que a inflação acumulada do período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de aproximadamente 43%.
“O Orçamento da prefeitura para propaganda se aproximou de R$ 9,8  milhões, em 2005, para R$ 126,5 milhões em 2011. Esse crescimento demasiado de um único item tem a ver com a necessidade de melhorar a imagem do prefeito Gilberto Kassab (PSD), uma vez que a gestão dele deixou de construir, entre outras coisas, creches e corredores de ônibus”, afirmou o vice-presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Francisco Chagas (PT). No mesmo período, o Orçamento destinado a toda a cidade passou de R$ 15,2 bilhões para R$ 38,7 bilhões.
GASTOS DA PREFEITURA PAULISTANA COM PUBLICIDADE
Ano  Orçamento aprovado (R$) Orçamento atualizado (R$) Empenhado (R$) % empenhado/orçamento aprovado
2005   9.783.000  23.453.840  23.453.840  239,7%
2006 23.340.000  30.586.768  29.436.768  126,1% 
2007 35.550.000 68.450.000  66.915.000  188,2%
2008 36.500.000 39.700.000 39.700.000  108,8%
2009 30.951.000 90.187.000 90.182.743 291,4%
2010 126.300.000 115.218.599 115.190.000    91,2%
2011 126.496.685 126.293.710 104.057.776    82,3%
2012*
até fev
118.799.000 118.799.000 26.712.453    22,5%
Desde 2005, os gastos com a divulgação da prefeitura aumentam em relação ao Orçamento aprovado e aos gastos praticados nos anos anteriores. Chagas explicou que, embora a Casa Legislativa aprove a cada final de cada ano o Orçamento de secretarias, empresas municipais e subprefeituras para o ano seguinte, a prefeitura faz atualizações e eleva os gastos além do previsto.
Anualmente, a prefeitura vem gastando até três vezes mais do que o valor aprovado pela Câmara Municipal. Apenas em 2010, quando a previsão de investimentos foi de R$ 126,3 milhões e, em 2011, cujo orçamento foi de R$ 126,5 milhões, os gastos ficaram em 91,2% e 82,3%, respectivamente, da rubrica aprovada pelo Legislativo. Entretanto, o valor aprovado já era 12 vezes maior do que o de 2005. Em 2012, o valor do Orçamento para publicidade é de R$ 118,8 milhões, uma redução de R$ 8 milhões sobre o ano anterior, mas nos dois primeiros meses deste ano, a prefeitura já empenhou 22,5% – R$ 26,7 milhões.
Na visão de Chagas, a propaganda maciça da prefeitura é necessária para encobrir metas que o prefeito propôs, mas não cumpriu. “Em dois meses deste ano, a prefeitura já gastou mais do que o Orçamento e o valor empenhado em 2005. Por outro lado, o uniforme escolar sofreu atraso de um ano”, disse. Não estão inclusas na dotação orçamentária de publicidade, as despesas com propaganda de empresas públicas como SP Turis, SP Trans e Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Apesar dos altos investimentos em publicidade e comunicação com a imprensa, Chagas avaliou que São Paulo perdeu o protagonismo por “falta de visão e iniciativa política”. “Esses recursos servem para disfarçar tantas promessas não cumpridas”, alegou. Há nove meses de terminar seu mandato, Kassab cumpriu 62 metas (27,8%) das 223 propostas no início de seu mandato, de acordo com levantamento feito este mês pela Rede Nossa São Paulo.
Por: Rede Brasil Atual

Nenhum comentário:

Postar um comentário