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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 16, 2012

Incêndios em Favelas de SP e desapropriação: coincidência?

 

incêndio - favelaJá faz algum tempo venho estranhando os incêndios que acontecem nas favelas de São Paulo, e logo a seguir vem a desapropriação. Também é sabido publicamente que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab tem grandes interesses imobiliários.
Mais uma vez acontece um incêndio acompanhado da “estranha” coincidência de logo após  a prefeitura pressionar os moradores a deixar o local. Foi em fevereiro, na Favela do Coruja no bairro Vila Guilherme, e cerca de 60 famílias atingidas continuam sem ter onde morar. Parte dessas famílias está abrigada em igrejas da região. A administração do burguês higienista Gilberto Kassab pretende desalojar outras 40 para construir uma avenida no local, de acordo com a Rede Brasil Atual.
Ainda de acordo com o portal de notícias, a prefeitura oferece aos moradores auxílio inicial de RS 1.200 e a inscrição no programa Parceria Social, com o ínfimo valor de auxílio moradia de R$ 300 por 30 meses, que podem ser renovados. Esse valor não dá para pagar aluguel numa pequena cidade, quanto mais na capital paulista. Outra curiosidade é que no vídeo, parece não haver um grande interesse no combate às chamas. Não aparece nas imagens aquele grande aparato de bombeiros comuns em incêndios similares.
A líder comunitária Heleneir Pereira de Jesus, afirma que os moradores foram pressionados pela prefeitura a assinar o acordo. As famílias consideram o auxílio insuficiente e exigem a elaboração de uma política pública de moradia em São Paulo.
Em reunião com os moradores no início da semana para tratar da questão da moradia das famílias atingidas pelo incêndio na Favela do Coruja, a diretora da Habi Norte, Maria Cecília Sampaio, afirmou que "para ser cidadão em São Paulo, tem de pagar."
Seria de bom tom que as autoridades federais investigassem rigorosamente a real fonte desses incêndios, visto que o governo do Estado sob o comando do tucano Geraldo Alckmin é suspeito, pois também tem a política higienista de expulsar moradores de favelas, como foi no ruidoso e violento caso do Pinheirinho.
Afinal estamos vivendo em tempos democráticos, e não os saudosos tempos de Mr. Dops, que ainda infelizmente conta com muitos adeptos.
Por: Eliseu 
*Carcará

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