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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 09, 2012

Mais uma CPI para o deputado Marco Maia não instalar. É triste!

OPERAÇÃO MONTE CARLO »
Uma CPI para Cachoeira  
Deputado coleta assinaturas com a finalidade de investigar as relações do bicheiro com parlamentares

» Erich Decat



Protógenes conseguiu 136 assinaturas até agora para a criação da CPI (Paulo de Araújo/CB/D.A Press - 2/3/11)
Protógenes conseguiu 136 assinaturas até agora para a criação da CPI

O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) deu início à coleta de assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara, com a finalidade de investigar a relação do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com parlamentares. No requerimento com pedido de instalação do colegiado, Protógenes cita matéria, publicada pelo Correio na quarta-feira, que revela que o bicheiro é tido como um “arquivo vivo” pelo juiz Paulo Augusto Moreira Lima, da 11ª Vara Federal de Goiânia. O magistrado foi responsável pela decisão que culminou na Operação Monte Carlo, realizada pela Polícia Federal na semana passada. Na ocasião, foram presas 35 pessoas, incluído Cachoeira.

“O episódio envolvendo o contraventor Carlinhos Cachoeira levantou a suspeita de financiamento criminoso a políticos da Câmara, do Senado, e a integrantes da Justiça”, disse o parlamentar. Além de comandar um esquema de jogo de azar, Cachoeira, segundo as investigações, também realizaria práticas de espionagens tendo como alvo alguns políticos. Entre as medidas tomadas pelo bicheiro, estaria a interceptação de e-mails. “Queremos esclarecer dentro do parlamento brasileiro que estrutura política é essa sustentada pelo Carlinhos Cachoeira”, ressaltou Protógenes.

Até o fim da tarde de ontem, 136 deputados assinaram o pedido para instalação da CPI. Para que a Comissão seja criada, é necessário o apoio de 171 parlamentares. Caso a comissão seja formada, contará com 25 integrantes, que terão 180 dias para concluir as investigações.

Tráfico de influência
Na lista dos deputados que assinaram o documento, existem nomes da base aliada do governo e da própria oposição, como Pauderney Avelino (DEM-AM). O amazonense faz parte do mesmo partido do senador Demóstenes Torres (GO) citado nas escutas telefônicas realizadas com autorização da Justiça pela Polícia Federal.

De acordo com o inquérito da PF, Demóstenes realizou pelo menos 298 ligações para o bicheiro. Em discurso realizado na tarde dessa terça-feira, o senador admitiu ter amizade com Cachoeira, mas negou que tenha participado de qualquer esquema irregular e pediu investigações das denúncias.

Outro integrante da oposição que assinou o documento foi o vice-líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jardim (SP). “Acho que tem fatos relevantes que devem ser apurados como a questão de suposto tráfico de influência”, ressaltou.

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