Muitas verdades precisam deixar de ser ocultas
do QTMD?
Mário Augusto Jakobskind(*)
Segundo
as últimas informações, a Presidenta Dilma Rousseff está para anunciar
os nomes dos sete integrantes da Comissão da Verdade, que terão a
incumbência de realizar o trabalho de investigação das violações dos
direitos humanos, sobretudo depois de abril de 1964.
Muitas
verdades ainda estão ocultas e quem tem a revelação são civis e
militares com culpa no cartório, ou seja, agentes do Estado ainda vivos,
comprometidos até a medula com a repressão e o regime vigente naquele
período.
Curió, Brilhante Ustra e outras figuras
da ditadura seguem impunes até agora. O Ministério Público pretendia
investigar Curió, responsável por crimes imprescritíveis relacionados
com o desparecimento de combatentes da guerrilha do Araguaia, mas a
Justiça no Pará recusou o pedido sob a alegaçaãp de sempre, ou seja, que
está em vigor a Lei da Anistia.
Os mencionados e outros ainda vivos precisam ser investigados com rigor.
Mas
as investigações não podem ficar resumidas a eles. Tem gente e grupos
mais poderosos escondidos debaixo do tapete da história, como, por
exemplo, empresários financiadores da repressão, grupos midiáticos
comprometidos desde o início com o golpe civil militar que derrubou o
presidente constitucional João Goulart e também a participação de
professores de torturas, de nacionalidade estadunidense, contratados
para ministrar in loco os seu know how, entre os quais Dan Mitrione.
Para
o conhecimento verdadeiro do passado é preciso também ouvir o
depoimento de testemunhas como o professor Moniz Bandeira, já mencionado
neste espaço, que quando preso no Centro de Informações da Marinha
(CENIMAR) viu e ouviu a fala de agentes norte-americanos com sotaque
carregado circulando livremente e instruindo torturadores.
É
preciso deixar claro também que Curió, Brilhante Ustra, etc não são
casos isolados ou desvios, como querem alguns, mas foram peças de
engrenagem montada e ajeitada a partir de quebra constitucional de abril
de 1964, a partir do primeiro general de plantão, Humberto de Alencar
Castelo Branco.
Enfim, faço minhas as palavras do Deputado Chico Alencar -
“Brasileiro
não tem memória, diz o senso comum. Entretanto, um povo só avança em
civilização conhecendo sua própria história. Esquecer períodos é postura
obscurantista e perigosa, quem não se recorda do passado corre o risco
de revivê-lo”
*Mario Augusto Jakobskind é jornalista. Tem no “Quem tem medo da democracia?” um “Céu de Montevidéu“.
*GilsonSampaio
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