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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 08, 2012

MULHERES EX-PRESAS POLÍTICAS TERÃO JULGAMENTO ESPECIAL PARA ANISTIIA


DO PORTAL PT

Foto arquivo PT (arte Newton Vilhena - Portal do PT)

Sessão do Ministério da Justiça será em homenagem ao Dia das Mulheres

No dia 9 de março, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, (comemorado em 8 de março) a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça vai realizar uma sessão especial de julgamento apenas com mulheres. Serão apreciados sete processos de ex-presas e perseguidas políticas, que serão também homenageadas.
Entre elas, duas irmãs que foram confundidas entre si por ter os nomes parecidos: Maria Niedja e Maria Nadja de Oliveira. A primeira foi aprovada em 1976 em terceiro lugar no concurso para professora na Universidade de São Paulo, mas não conseguiu tomar posse porque uma triagem ideológica acreditou que ela fosse a irmã Maria Nadja, integrante do movimento contrário à ditadura militar.

Resumo dos casos que serão apreciados
Maria Niedja de Oliveira: presa em 1972, foi aprovada em 3º lugar na seleção de professores na USP em 1976. Teve seu processo arquivado até 1980 por conta de uma triagem ideológica que a confundiu com sua irmã.

Maria Nadja Leite de Oliveira: estudante presa em 1968, respondeu a inquérito policial militar e foi condenada a um ano e oito meses de prisão. Teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos. Para evitar a prisão, fugiu para São Paulo, onde foi novamente presa em 1971.
Maria Angélica Santos: foi presa em 1974 quando estava grávida de quatro meses.
Gilda Fioravanti da Silva: presa em 1970 pela OBAN, foi transferida para o DOPS em janeiro de 1971. Respondeu a inquérito policial militar e foi absolvida em 1972.
Ida Schrage: professora e membro da Ação Popular entrou na clandestinidade e foi presa quando estava tentando se inserir na classe operária. Saiu do país e morou na Bélgica, em Israel e na Alemanha, onde vive atualmente.
Hilda Alencar Gil: militante da POLOP, passou a sofrer perseguição após o seu companheiro assinar uma matéria na revista O Cruzeiro sobre a prática do Comando de Caça aos Comunistas.
Darci Toshiko Miyaki: militante da ALN foi presa em 1971. O seu mandado de prisão foi expedido seis após a sua detenção. Permaneceu presa por um ano e cinco meses.

Lançamento de documentário integra ações pelo Dia da Mulher
A sessão especial para anistia de mulheres vai ocorrer depois do pré-lançamento do documentário Repare Bem, da cineasta portuguesa Maria de Medeiros. O trabalho da cineasta tem apoio do projeto Marcas da Memória, mantido pela Comissão para promover o direito à verdade e à memória. O documentário trata da história de três gerações de mulheres perseguidas políticas, a partir do relato das perseguidas Denize Crispim e Eduarda Leite.
Repare Bem será o primeiro filme a compor o acervo multimídia da Comissão de Anistia, que a Cinemateca Brasileira passará a abrigar. Um acordo de cooperação a ser assinado entre as duas entidades no dia 8 de março vai viabilizar a composição desse acervo.
Programação: (realizada na Cinemateca, São Paulo)
8 de março, 19h
Pré-lançamento do documentário Repare Bem, com a direção da portuguesa Maria de Medeiros. Debate, com a presença de Maria de Medeiros, Denize e Eduarda Crispim.
Ato de assinatura de termo de cooperação técnica entre a Comissão de Anistia e a Cinemateca Brasileira.
9 de março, 19h
Sessão de julgamento da Caravana da Anistia com apreciação de sete casos de mulheres perseguidas políticas.
Exibição do documentário Vou contar para meus filhos, sobre um reencontro de 24 mulheres presas na Colônia Penal de Recife entre 1969 e 1979.
(Jamila Gontijo – Portal do PT, com informações do Ministério da Justiça)
*Historiavermelha

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