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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 08, 2012

Tereshkova, primeira mulher no espaço, completa 75 anos
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Valentina Nikolayeva Tereshkova, primeira mulher no espaçoA União Soviética não foi responsável por enviar apenas o primeiro homem ao espaço. Os comunistas superaram o mundo capitalista e enviaram também a primeira mulher, Valentina Tereshkova, que completou 75 anos nesta semana.
Nascida em 6 de março de 1937, Valentina Vladimirovna Tereshkova nasceu no vilarejo de Maslennikovo, Yaroslavl Oblast, na Rússia. Seu pai era motorista de trator e sua mãe trabalhava numa fábrica têxtil. Valentina iniciou seus estudos em 1945, aos 8 anos de idade, mas deixou a escola em 1953 e continuou seus estudos através de ensino a distância. Ainda jovem se interessou por paraquedismo, fazendo seu primeiro pulo com a idade de 22 anos. Na época ela era operária numa fábrica têxtil, a exemplo da mãe. No ano de 1961 se tornou secretária do Komsomol (Juventude Comunista) e mais tarde se tornou membro do Partido Comunista da União Soviética.
Após o vôo de Yuri Gagarin, em 1961, o engenheiro espacial Sergey Korolyov propôs enviar também uma mulher ao espaço. Em 16 de fevereiro de 1962 Tereshkova foi selecionada para compor o grupo de cosmonautas e foi escolhida dentre 400 candidatas, sendo considerada uma candidata especial devido à sua origem proletária e também pelo fato de seu pai, Vladimir Tereshkov, mais tarde sargento e líder de tanque, ser um herói de guerra.
Foram vários meses de preparo, até que na manhã de 16 de junho de 1963, a nave Vostok 6, após contagem regressiva de 2 horas, foi lançada com absoluto sucesso. Tereshkova se tornou, aos 26 anos de idade, a primeira mulher no espaço. Apesar de sentir náuseas e um pouco de desconforto físico, Tereshkova orbitou a terra 48 vezes e passou quase três dias no espaço. Com um único vôo ela bateu o recorde de todos os astronautas americanos juntos que voaram antes dela.
Depois de seu histórico vôo Tereshkova foi estudar na Academia de Força Aérea Zhukovsky e se graduou com louvor como engenheira cosmonauta. Em 1977 se doutorou em engenharia, além de ter ocupado depois disso vários cargos políticos devido à sua figura proeminente.
Em 1963 se casou com Andrian Nikolayev (1929-2004), o único cosmonauta bacharelado a ir ao espaço. Em 1968 tiveram uma filha, Elena Andrianovna Nikolaeva-Tereshkova, que agora é médica e a primeira pessoa a ter tanto um pai quanto uma mãe que já viajaram ao espaço. Tereshkova e Nikolayev se divorciaram em 1982. Seu segundo marido, Yuli Shaposhnikov, faleceu em 1999.
Tereshkova recebeu diversos prêmios soviéticos e internacionais, dentre os quais citamos alguns: Herói da União Soviética (1963), Ordem de Lênin (1963 e 1981), Ordem da Revolução de Outubro (1971), Ordem da Bandeira Vermelha do Trabalho (1987), Ordem de Karl Marx (1963, na Alemanha Socialista), Ordem da Baía dos Porcos (1974, Cuba), Medalha de Ouro da Sociedade Britânica de Comunicação Interplanetária e muitos outros.
Glauber Ataide

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